Showing posts with label alenda. Show all posts
Showing posts with label alenda. Show all posts

Thursday, 21 January 2010

Interesse Repentino (#02)

     There's no place as 127.0.0.1

     Halloi, e Seja bem vindo|a ao meu Adventure blug.

     Esta parte segue o post anterior, e se coloca imediatamente após a primeira sessão de jogo, mas adicionei narrativa de eventos que não são do grupo da primeira sessão para que se compreenda as histórias em suas grandes cenas. Também irei retirar palavras que possam complicar meus amigos de outras raças, e sei exatamente quais partes devo reescrever.

     Os posts haviam sido editados para ter trilha sonora, mas como eu pude perceber, hoje já não são mais acessíveis como eram em 2013, portanto vou retirar dos posts.

     Aconselhamos as coletâneas de Angel's Delight como trilha sonora.

     Os eventos na história são ficcionais? Não sei. Acredito que quando eu passei a usar o Tarot nas sessões de jogo, O Jogo possa ter se transformado em um oráculo, e a partir desse ponto passei a ter acesso a histórias de outros mundos, não tão distantes. Se você pode imaginar, de alguma maneira isso existe ou existiu, em algum lugar dos multiversos além dos limites do universo em que estamos vivendo, e isso é impressionante, pois normalmente é o contrário.
     Em geral, o conceito de universo é o geral, e o de multiverso é o específico, mas nós estamos presos em um universo rígido, dentro de um multiverso gigantesco.
     Trikumai existiu e Akkoya existe há 26 sistemas de distância, na galáxia 52, nossa casa, mas tem histórias muito diferentes das de nosso mundo rígido. Arda é um dos mundos mais rígidos que existe, e um dos que tem maior número de dimensões, sendo mais de trezentas; mas ainda guardamos os presentes dados por estrangeiros, como o cacau por exemplo, ou o presente mais antigo de todos, a orquídea de que se pode fazer a baunilha, um tipo de santificante culinário.
     Toj, Kalagot e Treiyka também tiveram presentes, mas como eram mundos maleáveis e onde a Magia, as Manifestações e o Poder sempre foram presentes, primeiro como sociedade pública e não temos acesso a esta era porque foi antes do Deus Terrível, depois como uma forma de se defender dos monstros que surgiam entre pessoas da comunidade, devido ao Deus Terrível e seu povo, os sátiros que ficavam nas florestas preparando feitiços em seus caldeirões.
     Temos de guardar os presentes, e isso todos nós sabemos de nascença.
     Aqueles de maior intuição que guiem os mais rebeldes.

     Nós temos a missão mais linda de mostrar as histórias mais importantes e fazer com que elas sejam lidas, principalmente as que contém verdades.

     Hoje é 23 de Abril de 602 tka, e o céu noturno mostra o gigante Kalagot no lestee por causa disso esta será uma longa noite para ela. Ela monta o nome do vento, seu cavalo de duas patas dianteiras. A pequena vila de Buoic, sudeste de Abbas, está em silêncio. A presença da nobreza faz com que todos deixem uma lâmpada do lado de fora da porta, indicando que existe luz a noite para que aqueles que sangram a noite não tome deles o que não for oferecido. Isso mesmo. Se um vampýr tiver necessidade de sangue, em Abbas, pela lei de Abbas, isso deve ser voluntário, além de ser proibido matar aos guerreiros das Casas da nobreza.
     "Eu posso predizer", é o que ela pensa, "As Crianças do Caos, que o profeta de Mallog previu durante a Grande Guerra, eu estava lá, são os olhos certos dentro da Tempestade prevista para os próximos três mil anos, e são elas que vão nos guiar".

     Ela se lembra da reunião há três dias, com um grupo de anciões nekron. Não nos esquecendo de que os nekron podem andar durante o dia, sem necessidade de regenerar.

     -- "O tempo da mudança chegou, Raýla. Nenhuma rocha vai ficar acima da areia. Ou nós todos trabalhamos em conjunto, ou os três mundos vão se tornar desertos. Nossos videntes previram que você terá escolhas difíceis a fazer, e você, herdeira de Kokkiladon, O Conselheiro, é a escolhida para guiar as Crianças do Caos, e tem o nosso apoio".

     Raýla viajou três noites inteiras até chegar em Buoic, e a garantia de três noites longas está óbvia porque Kalagot está no leste exato.

     Se esta é uma Criança do Caos, ela ainda não sabe, tudo será resolvido.

     Se não for, ela deixou um aviso a todos os Hau deste mundo, feiticeiros vampýr, para se prepararem para lidar com um evento grande, que pode ou não acontecer.

     Tão logo ela chegou e pos os pés no chão, dois soldados apareceram, demonstrando que são vampýr ao mostrar a face da guerra, ou seja, um rosto transfigurado de maldições do passado sobre o vampýr em questão e de uma maneira geral, dos vampýr. Vampýr não tem veneno. Isso permite a eles manterem os dentes pontudos sem perigo. Sanguinius, eles não são. Um sanguinius é um ser das Trevas, ainda que possa ser considerado bom, às vezes. Mas Raýla é uma nekron. Uma abençoada, vamos dizer assim, pois poder andar durante o dia não é só uma vantagem, que ela usou nestes três dias de viajem, mas sim é considerado um poder de alta nobreza.

     -- Princesa -- disse um dos dois soldados -- Estávamos esperando por você.
     -- Eu preciso saber do garoto e sua família, se estão bem, depois quantos mortais tiveram a coragem de ver o que era -- pede a princesa.
     -- A família está nos fundos da casa, que não é grande. Eles estão com medo, vai ser fácil você encontrar a casa na vila, que também é pequena. A família está bem. A Anomalia está no quarto do garoto, e ele está em presença de Senhor Gake, na sala da casa.
     -- Gake? Eu disse que não quero ninguém interferindo nisso. Como ele ficou sabendo?
     -- Nós não sabemos, Alteza -- disse o outro soldado.
     -- Morgondra,... Só pode ter sido ela. Aquela rapariga anciã! Ela devia ter me deixado fazer o que me foi profetizado. Agora o problema é dela. Cuide de Mader, por mim.
     -- Sim, alteza -- e os dois soldados ficaram cuidando do cavalo dela, enquanto ela entra na pequena vila a pé.

     Realmente, não foi difícil encontrar a casa. Havia um cavalo de guerra como o seu bem na frente da casa, causando desconforto na área.

     Ela para de frente para uma película, parecendo uma bolha de sabão reta, no lugar da porta aberta da casa em que deve entrar.

     -- Eu convido você a entrar, Raýla -- diz a voz de um garoto.

     Assim, ela atravessou a película, ocultando seus pensamentos, porque Gake é um ótimo adivinho e ela sabe que ele a está esperando, provavelmente para saber o que ela vai fazer.

     Provavelmente.
             *

     O djine ouviu o forte desejo de Hadesh, e comentou.

     -- Eu posso fazer, mas vai doer.
     -- Nós precisamos disso -- disse o drakma -- Eles não podem saber que a princesa é uma das nossas, e o meu desejo faz com que isso aconteça.
     -- Tudo certo, então.
     -- Porque "vai doer"? -- Hadesh quis saber.
     -- Os Tabus: Vida, Morte e Inteligência.
     -- Ão,... Então é isso,... Ainda é melhor.
     -- Vou fazer seu desejo, então.

     Os dois ficaram olhando para os outros, esperando.

     -- Está feito, Lagartão. Só nós dois vamos saber o segredo da princesa.

     Alenda se vira, procurando assunto com os dois nobres.

     -- Onde estamos? -- ela questiona, de voz suave.
     -- Kalasta -- diz Hadesh, se aproximando -- Nós estávamos aqui procurando um lugar secreto, por toda a semana -- diz Hadesh, e ele fervilha de ideias e perguntas para a princesa.
     -- Eu conheço esse lugar -- disse Tórian -- Fica a sul do meu território. Isso aqui é a região lestre de Tachi. Os Kalastyéc são um ducado e o Duke Oromo de Kalastyéc é uma das pessoas mais ricas do mundo. O que você quer dizer com lugar secreto?
     -- Nós pensamos que é uma seita secreta. Olhe, eu vou desenhar.

     Hadesh então desenhou o símbolo na areia. Tórian e Prýmmus não pareceram saber que símbolo era esse, mas a princesa parecia saber e começou a se sentir nervosa.

     -- Agora! -- murmurou Hadesh para o djine.

     Assim, como a princesa não pareceu inclinada a dizer o que era, o djine pegou a informação dela a força, sentindo os olhos queimarem e lacrimejarem.

     -- Oah! Ah! Isso dói -- reclamou o djine.
     -- O que aconteceu? -- Hadesh questinou o djine.
     -- Num é nada, Lagartão -- ele mentia -- Vai acabar, daqui a algumas horas. Toda vez que a gente desvenda um segredo que não era pra gente saber, isso acontece.
     -- E? -- disse o lagartão, como uma pergunta óbvia.
     -- Esse é o símbolo da Guilda dos Ladrões.

     Assim, uma flecha acertou a bolsa da princesa, depois de Tórian e Prýmmus fazerem casinha pra que ela trocasse de roupa, de costas para ela. A bolsa era a bolsa de princesa, não a mochila que ela carregava com ela. A bolsa foi puxada para o meio da floresta.

     -- Meu livro! -- gritou a princesa, mas já estava perdido.

     Hadesh lhe segurou, pois ela começara a andar em busca da bolsa com o tal livro, bem a tempo de todos perceberem. Ainda assim, ele avisou.

     -- Estamos sendo atacados! -- disse Hadesh.
     -- Todo mundo, rápido! Junto! -- exigiu Tórian.

     A floresta era o mais puro silêncio, deixando eles preocupados.

     Todos juntos ali, Tórian criou uma esfera de força, às pressas, porque sentia perigo em todas as direções. A bolha transparente impediu uma flecha de entrar e acertar, provavelmente Hadesh.

     -- Estamos com tudo o que é nosso? -- questiona Prýmmus.
     -- Meu livro,...
     -- Qual a importância desse livro? -- ele insistiu.
     -- Ah, é só um livro, mas eu tenho que ler.
     -- Você consegue outro livro igual a esse, princesa? -- insiste o professor.
     -- Claro! É o livro dos Nove Reinos, que titica!
     -- Então, só há uma forma de sairmos daqui, nós menos o livro. Deixe o livro pra eles, porque entre nossas vidas e um livro qualquer, nossas vidas serão salvas, é o que eu digo.
     -- Nós precisamos sair daqui -- diz o djine -- Eles nos ouvem.
     -- Quem são eles? Eles levaram meu livro,...
     -- Ladrões, princesa. E eles estão tentando te sequestrar -- tentou Hadesh.
     -- Como último recurso, eu vou aportar vocês em segurança.
     -- Você pode teleportar? -- Hadesh questionou Prýmmus.
     -- Todo mundo, segurem em mim. Hadesh, pegue a mochila da princesa. Preparados? -- Hadesh pegou o equipamento, quer dizer, a mochila e, de repente, estavam em um salão com estantes de madeira e livros de baixo até o teto, um símbolo complexo no chão, brilha com sua magia -- Sejam beim vindos à Academia da Magia, da Política e do Poder.

     A princesa se soltou em um sofá. Mal percebia onde estava. O djine estava cego, por enquanto, e seus olhos eram puras lágrimas.Hadesh ajudou o djine a se sentar. Tórian não estava a vontade, porque sua família é uma linhagem de poder, e aparecer fugindo na Academia sem dúvida vai despertar o interesse da nobreza. A princesa começou a chorar o livro perdido, não se importando com o que pensam.
     -- Que tipo de livrro é esse, princesa?
     -- O Livro dos Nove Reinos, todos os que são pessoas importantes e servos importantes tem um nos Nove Reinos, mas eu tenho esse livro desde pequena.
     Hadesh evitou dizer que ela ainda é pequena.
     Sua idade importa, e muito, nesse caso.

     Tórian relaxou, porque parece que fazer uma esfera de proteção foi cansativo, mas agora, atento, não perdeu nenhuma palavra da princesa, em conversa com Hadesh, o drakma.

     -- Você fazia anotações nesse livro, princesa? -- questiona Tórian.
     -- Fazia -- ela responde, tensa -- Notas, anotações e notas de rodapé. Tem várias anotações minhas, desde quando eu tinha cinco anos de idade. Foi como eu aprendi a ler.
     -- Eles não vão ficar com isso. Vão guardar para vender o livro depois.
     -- Concordo, Tórian -- disse Hadesh -- Mas foi uma grande perda.

     As portas do salão, um tipo de biblioteca, se abriram de repente.

     Pela porta entra um homem muito velho, mas ágil como um animal caçador.

     -- Diretor -- cumprimentou Tacke Prýmmus.
     -- Professor -- ele cumprimentou de volta.
             *

     -- Eu convido você a entrar, Raýla -- diz a voz de um garoto.

     Assim, ela atravessou a película, ocultando seus pensamentos, porque Gake é um ótimo adivinho e ela sabe que ele a está esperando, provavelmente para saber o que ela vai fazer.

     Provavelmente.

     Raýla entra e vê uma sala. O garoto tem uns onze anos, é branco, cabelos negros, e é de família pobre de trabalhadores. Ela vê luz no corredor, enquanto vai até o garoto, devagar. Sabe que deve ser difícil para ele, passar pelo que está passando, e sente o cheiro de alegria do Senhor Gake, a espera de que ela diga qualquer palavra contra ele para usar contra ela diante do Conselho das Trevas no futuro. Mas Raýla não vai fazer isso.

     O garoto está sentado em uma cadeira comum.

     -- Oi -- ela senta sobre os calcanhares.
     -- Oi,... -- disse ele -- S-Senhora.
     -- Qual é o seu nome?
     -- Mikadolon, Mika é o meu nome -- ele retornou, em linguagem formal.
     -- Mika -- ela concorda com a cabeça, de leve -- Você me conhece?
     -- Claro, Alteza, você é Raýla a noturna herdeira de Kokkiladon.
     -- Você sabe "por que" eu estou aqui, Mika?
     -- Existe um problema no meu quarto, que,... eu não sei explicar, então talvez eu tenha um problema.
     -- Não, Mika. Não há problema nenhum com você. Eu estou aqui porque nós precisamos de você. Você foi escolhido, e é meu dever guiar você através da Tempestade que está no horizonte.
     -- Eu,... Eu não entendo.
     -- Mas vai. Você está machucado? -- ela analisa com os olhos.
     -- Não. Não machucado, alteza. Eu não sei o que é. Está no meu quarto.
     -- Você vai para uma nova casa, Mika. Eu, Raýla, vou guiar você. Tenho de pedir que você venha comigo, e eu vou lhe proteger e um Mestre vai lhe ensinar. Você entende?
     -- Sim. Eu,...
     -- O que?

     Senhor Gake aparece no corredor, com movimentos suaves.

     Mika fez silêncio, e parou de falar.

     Para Raýla, ficou óbvio que o garoto tem medo de Gake, "e devia, mesmo", pensa ela.

     -- Venha comigo até o seu quarto, e vamos resolver isso.

     No quarto de Mika, uma estranha manifestação paira no meio do quarto, no alto.

     -- Um tipo de Vórtice, sem dúvida -- Raýla conclui.

     "Eu vou ter de cuidar desse Vórtice. Ele não tem treinamento, não sei o que ele pode ou não fazer, também, talvez ele pudesse fechar a anomalia, mas uma coisa é certa. A Tempestade, prevista por Abbas, está começando", pensa Raýla, incomodada.

     -- Venha.
     -- Eu não sabia que a Alta Senhora Raýla era dada a mimar seus animais -- disse Gake, sua voz vindo do corredor.
     -- Você,... (ela respirou, para se acalmar),... não sabe onde está se metendo, Gake. Isso é para o bem de todos, e eu vou ter de lhe pedir para me deixar fazer o meu trabalho, em paz.
     -- Paz? Agora você vem falar de paz?
     -- Há mais nisso do que você imagina, Gake.
     -- Vamos ver. Boa sorte, Raýla. Você vai precisar, de qualquer jeito. Eu já terminei por aqui. Não há nada além dessa anomalia. Que eles se mudem. Não se importe em proteger o gado de uma maneira tão enfática.
     -- O garoto tem o direito de ter uma família.
     -- Direito!? Você tem se alimentado, ultimamente, Raýla? Eu conheço a sua lenda, você era conhecida como O Terror da Noite, durante a Grande Guerra. Mas bem, parece que alguma coisa aconteceu e você amoleceu seu coração.
     -- Eles estão sob minha proteção, o garoto e a família.
     -- Sem dúvida, senhora -- Gake termina.

     A pequena brisa fria e sem emoções que Gake deixou para trás, enquanto se virou para ir embora, não se sabe, mas parece um sinal do que está por vir.

     Raýla esperou Gake ir embora, para continuar.

     -- Me ouça, Mika -- ela puxou ele de maneira suave, para a sala -- Você deve estar confuso, agora, e sem saber porque aquilo apareceu em seu quarto. Não temos como fechar aquilo por enquanto, mas você está sob os meus cuidados e sua família está protegida.
     -- Eu,.. Eu acho que sei como fechar,...
     -- Mesmo? Você tem capacidades especiais, que só você tem. Eu preciso que você comece a estudar as capacidades que você tem. Vamos ver, então.

     Raýla e Mika entram no quarto dele, e o Vórtice começa a se fechar. Antes de terminar, caem de dentro dois argoiles, argolas com corrente para prender uma pessoa.

     E o Vórtice se fecha, sob a vontade do pequeno Mika.

     -- Como você conseguiu fechar o Vórtice?
     -- Eu só me concentrei em retirar o que tinha de ruim disso aí, e em que estivéssemos a salvo de qualquer coisa ruim que existisse do outro lado. Só isso.
     -- Vou mandar os soldados guardarem os argoiles. Vamos! Sua família está bem de saúde, e você vai poder vê-los sempre que possível.
     -- Sim, senhora -- diz o jovem.
     -- Eu vou ser a sua tutora para o Conselho das Trevas de Abbas. Eu sinto cheiro de medo. Mika, vampiros sentem emoções sob a forma de cheiros, e você está seguro, não tem o que temer. Se você sentir medo perto de um vampiro, ele vai saber.
     -- Ehr,... Sim, senhora.

     Raýla deixou Mika adiante da porta de sua casa, e foi dar as ordens aos soldados, todos eles vampiros, foi o que o Conselho das Trevas enviou.

     Assim sendo, Mika tenta entender como conseguiu fechar o Vórtice, sozinho. Sempre foi assim, ele aprendera tudo o que sabe sozinho. Por conta própria. Ele fica em dúvida se vai se adaptar a ter uma tutora, mas sabe que deve confiar em Raýla. Ela garantiu que sua família vai ficar bem, e então seu pai e mãe podem ter mais um filho. Seria bom ter um irmão. Ainda assim, crescer longe desse irmão não era o que ele queria. Ele luta dentro de si, entre o obrigatório que é ir com Raýla aonde ela ordenar, e pedir para que sua família vá com ele, mas sente que isso seria pedir demais. Ele nunca pediu para ter essa capacidade, de fechar um treco como aquele, mas conseguiu e sabe que nenhum vampiro vai deixar ele viver uma vida normal, normal e pobre.

     Enquanto ele sonha com uma família que tenha recursos, Raýla volta.

     -- Agora, Mika, nós vamos para Mujjénnigi, meu castelo, e você se prepare para começar uma nova vida, enquanto viajamos.

     Raýla se vira para seu cavalo de guerra, para indicar o caminho.

     -- Made, eèneueklyèc o doesse na mukoime ovve.

     O cavalo relincha e parte em disparada, na direção do castelo de Mujjénnigi, e Mika, que inicialmente se sentia apertado com a partida, começou a gostar da viajem logo no seu início, porque nunca havia andado de cavalo de guerra. Raýla sem dúvida sabe o que ele sente. Ele sentia que podia vencer um exército, tendo um cavalo, e começou a ter essa vontade.
     Três dias de trevas, então, adiante.
             *

     Em teoria, 27 de Abril de 602 tka de Toj-éc.

     O homem entrou pela porta com ar de superior, e realmente parece que era. Tacke se posicionou para explicar o que aconteceu, prontamente.

     -- Nós não tivemos escolha, Diretor.
     -- O que aconteceu, Professor Prýmmus?
     -- Esta é a princesa Alenda Baech, das Ilhas Baech, nos Nove Reinos. Nós estávamos em terra, no oeste que dá para os Nove Reinos, quando fomos atacados. Tenho certeza de que foi a Guilda dos Ladrões, e eles estavam tentando sequestrar a princesa, então o aporte garantido de volta à Academia foi nossa última opção.
     -- Você fez bem, professor -- disse o Diretor -- O que eles roubaram?
     -- Um livro, o livro em que Alenda aprendeu a ler e escrever.
     -- Um dos Mil Livros dos Nove Reinos!? Isso é uma lástima terrível, Tacke. Com o perdão da palavra, que merda,... Nós da Academia sabemos o quão importante é esse livro para que usa, é um item de poder importantíssimo para a nobreza dos Nove Reinos.
     -- Infelizmente, só o que pudemos fazer foi fugir.
     -- Tudo bem, Professor Prýmmus. Você fez muito bem.
     -- Bom dia, Diretor -- diz o mago -- Eu sou Tórian Priatel-sa Drasce, mago de linhagem. É uma honra poder conhecer a Academia.
     -- Bom dia, nobre Priatel-ser -- diz o Diretor, só que com um pouco de receio na voz -- Não temos muito o que mostrar, mas é importante um mago de linhagem conhecer a Academia. Tem alguma coisa que você deseje, em primeiro lugar?
     -- Estou preocupado com a princesa -- revela Tórian -- Talvez fosse bom que ela comesse alguma coisa, depois do que aconteceu.
     -- Vamos abrir excessão, e vou mandar trazer comida para vocês aqui mesmo na Biblioteca Oeste, daqui a pouco.
     -- Obrigado -- Tórian agradece.

     O Diretor se virou e saiu, mas antes chamou a atenção de Tacke.

     -- Não deixe um mago passeando pela Academia, Prýmmus.
     -- Sim, senhor -- ele responde -- Fique tranquilo.
     -- Me interessa muito saber o que um mago de linhagem iria querer na Academia. Faça anotações sobre ele por nós da Academia, Professor.
     -- Não se preocupe -- garante Prýmmus.
     -- Quem são os outros dois, bajulando a princesa? -- e realmente, eles estava cuidando dela, do jeito que se deve cuidar de uma princesa, ou seja, deixando ela a vontade.
     -- Hadesh e o djine Baech, Diretor.
     -- O djine tem o mesmo nome que a realeza de Baech? Interessante.
     -- O que o senhor acha que eu deveria fazer?
     -- Eles são o seu grupo, por acaso, Prýmmus?
     -- Há pouco tempo, Diretor. Nos conhecemos no Templo de Marfim.
     -- Então, O Sonho está protegendo vocês,... Bom saber.
     -- Mais alguma coisa, senhor? -- Tacke arrisca.
     -- Não, nada -- responde o diretor -- Você pode mandar fazer os círculos de teleporte para cada um deles, assim vamos conhecer a assinatura mágica deles.
     -- Está tudo bem, senhor diretor -- Tacke começa a ficar um pouco nervoso. Ele sabe que Tórian vai saber disso, e que não vai gostar nada nada de a Academia saber qual é seu símbolo de aporte, mesmo que seja impossível impedir aporte por causa disso.
     -- Eu tenho afazeres, cuide deles.

     Hadesh e Baech fizeram todo o teatro de cuidar da princesa. Depois que o Diretor foi embora, Hadesh fez questão de perguntar.

     -- Você está bem mesmo, Alenda?
     -- Estou,.. quero dizer, não! Não estou. Meu livro foi roubado. É o livro com que eu aprendi a ler e a escrever, e tinha muitas e muitas anotações. Todas pessoais. Eles não vão conseguir ler nada disso, porque nossa magia não vai deixar, mas é uma dúvida que eu tenho, se eles vão conseguir ler, porque se conseguirem, vão descobrir que eu sou rogue. Isso seria terrível.
     -- Vem aqui, vem tomar um ar na janela.

     Hadesh puxou ela para a janela, mas percebeu que Tacke estava de olho. Assim, a conversa em particular terminou.

     -- Tórian Priatel-sa,... -- eles ouviram vindo da lareira. Tórian se aproximou -- Eu sou Gër, o Dragão de Prata, e sou o protetor da Academia. Seja bem vindo.
     O rosto do dragão de prata estava no fogo da lareira.
     -- Obrigado pelas boas vindas, Gër -- Tórian ficou impressionado, de o dragão protetor da Academia ter decidido falar com ele -- Eu prefiro ir para casa. Nós magos de linhagem temos nossos próprios segredos, e não vamos interferir com a Academia.
     -- Mesmo assim, Ryklant agradece a visita. Eu já avisei aos Nove Reinos que a princesa está aqui e que está segura, mas Ash quer conferir pessoalmente.

     Uma das pinturas começou a se mover, até que Ash, o dragão de prata patrono dos Nove Reinos apareceu na moldura.

     -- Alenda -- chama ele.
     -- Oi, Ash -- ela responde -- Eu estou bem de saúde.
     -- Bom -- ele replica -- Vou avisar seu pai.
     -- Roubaram meu livro de anotações -- revela Alenda.
     -- Quem foi que roubou? Você sabe?
     -- Parece que foi a Guilda dos Ladrões.
     -- Vou cuidar do assunto pessoalmente, princesa.
     -- Obrigada, Ash. Aquele livro é muito importante pra mim. Sei que eles não vão conseguir ler as minhas anotações, mas eu preciso do meu livro de volta.
     -- Isso vai ser difícil, princesa, mas vou tentar.
     -- Avise meu pai que estou bem, por favor. E que,... E que quero levar dois amigos para conhecer o castelo e as Ilhas Baech.
     -- São eles que te salvaram? Não se preocupe.
     --  Volto pra casa ainda hoje -- firma ela.
     -- Tenha uma boa estadia na Academia, Alenda -- Ash sugere -- A nobreza raramente tem a oportunidade de conhecer uma organização tão importante pela primeira vez, e você é a segunda herdeira das Ilhas Baech. Vou preparar a estadia dos seus amigos.
     -- Não é necessário, Asha. Eles são pessoas simples. Eu queria que não fossemos guiados nem protegidos por soldados, quero um pouco de liberdade.
     -- Que assim seja. Se cuide -- Ash termina.

     O quadro volta ao normal, e Tórian se despede do dragão patrono da Academia.

     -- Muito obrigado por isso tudo, Gër -- diz o mago.
     -- Agradeça ao Professor Prýmmus, Priatel-sa.

     Sua imagem se desfez no fogo da lareira, e Tórian olhou desconfiado para Hadesh e para o djine Baech, pensando no que eles estavam tramando de ir às Ilhas Baech.
             *

     O Grande Continente é enorme. Nele vivem, por exemplo, os Castlepeople, ou Pessoas Castelo, nome comum de um povo muito inteligente e que são castelos. Mas isso é no Oeste. Aqui no Leste Negro, único lugar do mundo que nunca teve problemas com a escravidão e vivem uma nobreza legislativa que garante a igualdade entre todas as pessoas, a Magia não é a única opção para solucionar os problemas da população. "Os Estudos", como são chamados, são um emaranhado de pesquisas feitas por estudantes de uma instituição, A Ordem da Luz, o centro da vida dos negros do leste do Grande Continente, razão de este povo trabalhar mais pela liberdade do que outros. Todo o resto do mundo é feito de senhores e servos.

     Viketklég é um senhor de negócios dono de um hospital.

     Tendo estudado na Ordem da Luz, ele ensinou sua esposa a fazer a contabilidade e também as técnicas de gerência que eles precisam para que o hospital continue funcionando.

     Eles tem um filho, e ele e sua esposa estão ensinando ele a ler e escrever.

     Viket decidiu morar próximo ao trabalho, para sempre estar atento e disponível para atender qualquer tipo de problema administrativo. Ele não é médico, schamant ou de outra forma tem magia para lhe ajudar. Ele contrata. Os nomes mundiais usados pela Academia da Magia, da Política e do Poder, na cidade de Ryklant, são pessoa comum e pessoa de poder, e Viketklég é obviamente uma pessoa comum, com o esforço de ser útil à sociedade em especial. Viket se considera ateu. Isso quer dizer que, pra ele, Deuses, Entidades e Tottems são apenas seres, com muito mais responsabilidade do que uma pessoa comum como ele, mas ainda assim não são criadores.

     O cuidar de pessoas em dificuldade é a sua maior alegria.

     Um dia, chegou da Ordem da Luz um pedido de visita a um dos mestres. Isso não é coisa que se ignore, eles podem estar prevendo algum surto de alguma doença, ou com informações sobre problemas de do outro lado do mundo.

     Depois de deixar sua esposa à frente dos negócios, Viket foi para Kimet, a maior cidade do Leste Negro, e capital da Ordem da Luz, construída ao lado da cratera onde caiu o Megalich, criatura que matou a raça ofýr e foi morto por Pitcher, que morreu para eliminar a ameaça gigante que possivelmente iria matar tudo o que existia em Toj-éc. Durante a viagem, em cima do tsuleque, não era possível estudar, coisa que ele adora fazer nas horas vagas.

     Uma semana e meia de viajem, e os Templos começam a dominar a paisagem.

     Ao fim da segunda semana, Viketklég chega a uma montanha onde a Ordem da Luz esculpiu um enorme Templo às divindades da Magia, do Conhecimento e da Morte, o Templo de Pýrlant, nome da cidade em que eles construíram, Terras de Ajuda. Viket foi falar com os monges, descendo do tsuleque e deixando-o aos cuidados dos monges do Templo, enquanto a caravana continuou o seu caminho até o litoral, mais uma semana de viagem.

     Algumas horas depois, Viket foi informado por uma monge que ele era esperado por Mestre Moolu, um dos maiores mestres da Ordem da Luz.

     Viket foi esperar ser atendido, em posse de sua mochila e de seu livro de anotações para viagem, envolvido em couro para não ter nenhum problema com a chuva.

     Uma monge veio lhe indicar que ele era esperado.

     Entrando na montanha, ele viu os maiores exemplos de arte e arquitura que já havia visto, com bustos de bronze que falam, e ele sabe que isso significa que ao morrer os cérebros deles estavam em perfeito estado de saúde. Ele passou por corredores de pedra, iluminados por tochas e onde se via relicários onde as pessoas acendiam velas e rezavam para a Magia, o Conhecimento e a Morte; ele não via muito sentido em rezar para a Morte, mas se é ela a encarregada de te separar do corpo e sabe-se o que acontece depois, sem teorizar, ela deve ser respeitada, porque o segredo que ela guarda deve ser um fardo difícil de carregar.

     Mestre Moolu estava sentado à beira de uma fonte de água limpa, que escorria formando uma pequena piscina, mas estava escuro e calmo o lugar.

     Depois que a monge se foi, Moolu estendeu a mão e todas as tochas se acenderam.

     -- Viket -- disse enfim, Mestre Moolu.
     -- Mestre Moolu -- Viket cumprimentou.
     -- Você foi chamado aqui por mim, porque a Deusa da Morte quer lhe beneficiar por seus trabalhos na saúde da população, e o Outro Ladro está melhor devido ao seu trabalho.
     -- Que honra -- ele concorda -- O que eu deveria fazer para agradecer o elogio? Mesmo não sabendo como é o outro lado, sei que a cura sem preconceitos e com tratamento igual para todos os que me procurem deve ter um efeito sobre os Reinos Dela.
     -- Você foi convidado a ser um Guardião.
     -- Que honra -- ele concorda, mas com dúvida -- Como farei para tomar conta de minha família e de meus negócios?
     -- Todos os Guardiões tem família. Isso ajuda. Você voa todo o mundo, atualmente exceto o império monoteísta, que não quer ajuda e é agressivo com os Guardiões, e volta para casa a cada seis meses, ficando livre por três meses para ficar com a família.
     -- Eu aceitando, o que mais eu ganho? Quais as responsabilidades?
     -- Guardiões ganham bem. Praticamente toda a nobreza deste mundo precisa dos Guardiões para levar entregas a outros nobres, e a população em geral se reúne ao redor de vocês para saber sobre outros lugares do mundo, ouvindo suas histórias. Seu daktyl está te esperando. Ele sabe quem você é e te escolheu. Eles são mais inteligentes do que pessoas, e um grito deles pode levar mensagens a mais ou menos duas mil distâncias, o que é o suficiente para resolver quase qualquer problema urgente. Só não se esqueça que ele te escolheu, sabe quem você é, e muito provavelmente está te esperando desde que você foi indicado para ser um novo guardião.
     -- Eu preciso avisar a minha família.
     -- Que ótimo! Isso pode ser a sua primeira missão. Seu daktyl vai entender, e vai preferir conhecer sua família, também.
     -- Como eu posso te agradecer, Mestre Moolu? Você deve saber que ser útil à sociedade é um dos meus maiores sonhos, e sendo Guardião, isso se cumpre, que eu sei.
     -- Aceite que existe algo de bom depois das Trevas. Aqueles que só veem pela Luz não podem desfrutar de uma noite tranquila sem ela.
     -- Vou incluir isso em minhas meditações, de agora em diante.
     -- Então, boa sorte, novo Guardião -- diz Moolu -- a monge que espera no corredor vai lhe levar até seu daktyl, que vai te levar até sua família. Há guardiões na Torre, e eles vão dar-lhe as boas vindas, só não exagere na bebida.
     -- Eu não bebo, mas entendo a orientação -- Viket se levanta, estavam sentados à beira da fonte de água limpa, até a conversa acabar -- Obrigado, Mestre Moolu. Agora, eu devo ir.
     -- E eu, meditar. Não se esqueça de mandar mensagens.
     -- Nunca irei me esquecer de você.

     Viketklég se levantou para ir, e Mestre Moolu apagou todas as tochas com um aceno circular de mão.

     A monge o levou até a Torre dos Guardiões, onde realmente eles todos fizeram uma festa para agradecer por ter mais um guardião entre eles, e ele conheceu seu daktyl.

     Viket fez o treinamento, que durou duas semanas.

     Depois disso, e uma vez acostumado com seu daktyl e sabendo as principais palavras da língua dele, foi voar até sua família para deixar tudo em ordem pelos próximos seis meses.

     Ao chegar em casa e explicar tudo à família, sua mulher e filho ficaram agradecidos por seu novo trabalho, apesar da distância e da separação. Ele se deitou para tentar fazer mais um filho naquela noite, preparado para ser um guardião dos céus de Toj, Kalagot e Treiyka, uma vez que aprendeu que existem passagens e que ele ficaria conhecendo os outros dois mundos.
     Neste tipo de situação, Viket bebe.
     Vinho, com sua esposa apenas.
             *

     Depois que o dragão de prata dos Nove Reinos foi embora e o quadro voltou a ser o de uma senhorita a espera de seu amado, todos ficaram em silêncio.

     Um hora mais tarde, Alenda convidou a todo o grupo conhecer as Ilhas Baech, mas apenas Hadesh o andarilho e Baech o djine aceitaram.

     -- Tenho muito o que fazer em casa, princesa. Os reinos de Priatel são poucos, mas são vários, e minha família administra todos os territórios ao redor da Montanha Adormecida. Eu já estive nessa montanha, mas existe um elemental do gelo nela que destroi qualquer um que tentar chegar perto do alto da montanha; a minha sorte é que eu falo a língua dos elementais.

     Tórian deixou claro nessa que ele é poderoso e responsável, e que não vai abandonar suas terras para ir visitar a princesa.

     -- Eu tenho de dar aulas, inclusive dar explicações do porque não estou em sala de aula agora, porque quando sumi estava me praparando para dar aulas.

     A princesa se despediu de Tacke e Tórian, e ela, Hadesh e Baech entraram em um círculo de teleporte complicado, e que iria levá-los direto às Ilhas Baech. O teleporte foi feito em uma sala lateral da Biblioteca Oeste, de pedra cinzenta.

     A sala cinzenta foi embora, em direção ao horizonte, e a sala de rituais do quarto da princesa Alenda veio para ocupar o seu lugar.

     Entrando no quarto, o luxo se fez presente. É possível ver algumas casas grandes, em meio a uma coisa que eles não esperavam. Os jardins. Do quarto da princesa dá pra ver jardins em todas as direçoes, com essas casas grandes e mansões entre os visgos e flores. Flores de todas as cores, além de coretos de madeira e metal, espalhados por toda a área.

     -- Minha casa tem um jardim -- diz a princesa rogue ao seu grupo.

     Alenda chamou uma serviçal e deu uma extensa ordem, mas foi em outra língua e Hadesh ficou sem entender nada; Baech nem tentou aprender a força, porque os olhos ainda doíam. Alenda estava guiando seu grupo. Eles saíram do castelo e foram para uma das mansões, e foi então que Baech percebeu o quão rica era a princesa, pois o castelo tinha mais de uma centena de cômodos. Todos os servos abaixavam a cabeça, ao ver Alenda passar. Hadesh sentia uma coisa estranha. Ele não sabia o que era, mas estava certo de que boa coisa não era, principalmente nos soldados supertreinados e na aparência militarística das vestes de soldados do reino.

     -- Vamos dormir aqui -- disse Alenda.

     A tarde foi gasta observando os jardins da mansão.

     Hadesh tentou dormir, mas só teve pesadelos. O djine Baech, ao contrário, estava quase que se sentindo em casa.

     Alenda já estava de pé antes do amanhecer. Foi quando chegou um oficial para averiguar quem eram os convidados da princesa.

     -- Olá! Que bom que vocês também levantam cedo. Eu sou Piet, chefe de segurança das Ilhas Baech e quero agradecer. A princesa disse que vocês a salvaram da Guilda dos Ladrões, e que o livro dela foi roubado. Não restará ladrão neste mundo, se o livro não for devolvido.
     -- Calma, Piet -- riu a princesa -- Eles me salvaram. Eu me lembro de ter lido no meu livro que eu estou em dívida com eles, e vou cuidar da segurança deles onde estiverem.

     O oficial não deixou de perceber o final da sentença.

     -- Eu não quero nada em troca -- disse Hadesh.
     -- Eu também não -- completou o djine.

     Alenda fingiu ignorar o que eles acabaram de dizer, mas o oficial não.

     -- Quem são vocês? E de onde vocês vem? -- quis saber o responsável pela segurança.
     -- Nós somos andarilhos, mas eu venho de Treiyka e sou drakma.

     Para o oficial, ser um drakma resulta em ser um guerreiro, e passou a tratar Hadesh assim.

     -- Tudo o que nós queremos é que a princesa esteja bem de saúde. Seu livro foi roubado, e isso é uma afronta aos Baech. Um novo livro será feito, e irá saber que o anterior foi roubado de você, princesa.
     -- Se é assim que deve ser,...
     -- É assim que deve ser, princesa.
     -- Eu aceito o novo livro.

     Depois disso, eles foram passear nas alamedas de jardins entre as mansões. Os nobres ficavam parados, enquanto Alenda não os cumprimentasse, mas os servos não, todos eles abaixavam a cabeça enquanto ela passava.

     -- Alenda, eu preciso falar com você.
     -- O que foi, Hadesh? Estamos protegidos, eu garanto.
     -- Tem alguma coisa errada aqui, princesa.
     -- O que? Não tem nada errado! -- ela começou a ficar com raiva, e todos sabem que não é uma boa ideia deixar uma princesa com raiva.
     -- Eu quero ver a cidade, princesa. Se você puder nos levar até lá.

     Alenda parou um soldado e começou a falar aquela língua estranha de novo, e enquanto isso Baech lhe puxou a orelha.
     -- O que que é, lagartão?
     -- Não tenho certeza, meu amigo, mas você fica calado e não diz seu nome a ninguém nesse lugar, de jeito nenhum.
     -- Uh,... tudo bem, fica assim então.
     -- Preciso ver a cidade para ter certeza.
     -- E parece que não é algo de bom.
     -- Pode ter certeza.

     Eles deixaram Baechfastnung sem guarda.

     Hadesh, muito atento, percebe que todas as pessoas abaixam a cabeça para a princesa, mas que todos tinham medo de alguma coisa.

     Muito com jeito, ele explicou a Alenda que ele precisava ver umas coisas e, agora que viu que a cidade era segura para ela e eles, ele ia ver o que era, e foi. Não demorou muito até ele ver o que sua intuição lhe dizia que era verdade.

     Havia um número de homens vestidos de cinza, a cor do dragão dos Nove Reinos, castando magias em todas as pessoas, enquanto Alenda passa pelas ruas.

     O babado em zigzag cinza nas roupas deles era o sinal.

     Ele se distanciou da princesa e pode ver homens vestidos de branco, observando as ações do grupo que vestia cinza.

     Um dos homens vestidos de branco apontou uma rua pequena, e vários dos cinzas fora para ver o que era, mas Hadesh sabia que não era boa coisa, e esperou.

     -- Vai querer, estrangeiro? Hoje temos pé de galinha.
     -- Pé de galinha?! Muito obrigado, mas eu estou sem fome.

     Hadesh esperava ouvir de tudo, mas "pé de galinha"?! Ele se prepara.

     Assim que os homens de cinza saíram do beco, ele foi para o beco e entrou. Havia rastros de luta, e sangue vermelho no chão. Ele tocou o sangue e era quente, ou seja, ediche. Só havia uma explicação possível. Os Nove Reinos realmente declarou guerra a Guilda dos Ladrões, e agora estavam caçando todos os ladrões que encontrassem.

     Ao voltar, ele decidiu seguir a princesa e não andar junto dela.

     O djine viu um anúncio de que tinha cerveja em um lugar, e pararam.

     A cerveja, quente, era ruim, e ofereceram pé de galinha como comiga, o que a princesa nem estava se preocupando, mas o djine viu que era isso que o povo comia.

     -- Hoje é sábado! Temos pé de galinha.

     -- Não, obrigado -- responde o djine -- Alenda, você não vê?
     -- Vê o que? Eu não como a comida do povo, eu como no palácio.
     -- Estamos quase em um dia santo e as pessoas estão comendo pé de galinha! Não é possível. Você não vê que tem algo errado? O lagartão tem razão.
     -- Não tem nada errado, e você está me aborrecendo.
     -- Não é de propósito, princesa. Vamos esperar Hadesh.
     Hadesh veio até onde estavam, esperando pra ver o que iria acontecer. Não era mais possível ver os homens de cinza, quem dera os de branco.
     -- Eu não aconselho beber da cerveja, lagartão.
     -- Não se preocupe, não vou -- resumiu Hadesh, sendo bem claro -- Princesa, eu já vi o que eu queria ver, e acho que devemos voltar para o castelo antes de anoitecer.
     -- Tudo bem. Eu só quero que vocês estejam em segurança.
     -- Todo drakma é um guerreiro, princesa -- resumiu ele.

     De volta a Baechfastnung, com todos os jardins maravilhosos, Hadesh e o djine Baech não precisavam nem comentar o que pensavam, mas concordavam.

     A princesa foi chamada até a presença do Rei, seu pai.

     Hadesh e Baech não conseguiram entender o que eles diziam, mas era óbvio que o rei estava muito preocupado, e um novo livro foi entregue à princesa, dizendo ela:

     -- Verführen kai lust, mich Buch de.

     O livro se iluminou sozinho, e ela o recebeu abraçando ele.

     Assim que a cerimônia terminou, Alenda levou seus convidados de volta à mansão lateral do castelo de Baechfastnung, para descansarem.

     Eles comeram bem, e chegou a hora de ir dormir.

     Não teve como, e apesar de Hadesh ver que o djine caiu no sono, ele não conseguia. Era maldade demais manter um povo assim sob o total controle da nobreza. Ele ficou na janela. Apagou as lâmpadas, e pode ouvir a princesa, na janela acima da dele, que murmurava ensadecida, como se pudesse ter seu livro antigo de volta, até que o drakma ouviu ela dizer.

     -- Pai, estou aqui! Eu quero meu Kennbuch de volta! Me deram um livro bebé, e eu vou ter de ensinar tudo a ele, eu quero a guerra contra a Guilda dos Ladrões!

     Não houve palavras em retorno, mas a resposta pairou no ar.

             "Tem certeza? Você sabe em que foi treinada".

     -- Então, eu coloco um prêmio, cinquenta mil peças de ouro para quem me trouxer o livro e a cabeça de quem estava com ele, com as provas de que era um ladrão.

             "Você vai perder a liderança de quem foi treinada para isso".

     -- Não me importo! Eu quero a cabeça do ladrão que roubou, ou melhor, deles, porque pude sentir que eram vários, um grupo inteiro. E o meu livro!, de volta.

             "Você vai encontrar o que mais precisa, por isso".

     -- Obrigada, Senhor da Prata! Tudo o que eu queria era estudar mais.

     Hadesh não conseguiu ouvir mais nada, além disso, mas ficou assustado. Alenda tem onze ou doze anos, e está colocando preço pela cabeça de quem roubara seu livro.

     Do que mais seriam capazes os Baech, era o que ele pensava.

     Esta noite, ele não conseguiu dormir.
             *

     No dia seguinte, Alenda levou Hadesh com ela para ver o pai.

     Eles atravessaram corredores com pinturas muito bonitas, iluminadas por amplas janelas, depois uma escadaria de cinco níveis, esculpida em madeira dura e encerada. A parte superior do castelo pareceu um pouco confusa a Hadesh, era seu pensamento.

     -- Pai! Eu estou aqui.

     Sentado em uma sala de chá, Hadesh viu o homem mais pobre do mundo. O jogo de xadrez diante dele estava esquecido. Ele tinha tons verde podre na pele, e no rosto. Cabelos desgrenhados. Estava, sem dúvida nenhuma, sob controle de magia negra. Ou seja, é magia negra que está controlando as Ilhas Baech, conclui o drakma.

     -- Pai, você pode me ouvir?

     O drakma sente o perigo vindo do velho homem, naquela sala de chá.

     O pobre homem se moveu e pegou uma formiga com a mão, sem machuca-la. Então, ele tentava falar, mas não conseguia. Havia uma sombra em seu rosto. "Formigas",... pensa o drakma. O velho colocou a pequena formiga de volta na mesa de xadrez. "Ele é uma formiga, em um tabuleiro de xadrez totalmente controlado. É o que ele está tentando dizer a ela, mas como eu vou falar com ela sobre isso? Como posso demonstrar? Ela deve estar sob controle também", pensa Hadesh. Alenda olhou por um longo tempo nos olhos de seu pai, sem dizer nada.

     -- Entendi, respeitar a vida acima de tudo. Obrigada, pai. Eu estou feliz que o senhor está bem, e vou ir descansar agora.

     "Mas como ela não consegue ver? Ela é rogue, não faz sentido", pensa Hadesh.

     -- Antes de ir, eu preciso te dizer que perdi meu livro. A Guilda dos Ladrões roubou, e eu vou querer o meu livro de volta, custe o que custar.

      E então, chegou uma serviçal, a cuidadora dele.

     -- Obrigada, pai.

     Hadesh seguiu Alenda até as escadarias, onde ele não aguentou.

     -- Alenda, seu pai está sob control de magia negra.
     -- O quê?! Não está. O que você quer dizer com isso, Hadesh?
     -- Eu preciso que você se controle, e não fique com raiva de mim, porque isso pode ser parte das magias de controle. Parte das magias que estão controlando você, seu pai e seu reino.
     -- O que você está tentando dizer? Eu não estou entendendo.
     -- Eu sei o seu segredo. Nós dois, eu e Baech sabemos. Você deve usar tudo o que você sabe e aprendeu como rogue para resistir ao controle. E, por favor, não fique com raiva de mim.
     -- Eu não entendo. Você está falando coisas sem sentido.
     -- Eu vi o seu pai, o rei. E eu vi ele pegar uma formiga e colocar na mesa de xadrez. Ele estava tentando te dizer que ele é apenas uma formiguinha, numa mesa de xadrez totalmente controlada. Era isso que ele estava tentando dizer.
     -- Eu vi isso. Mas o que você quer dizer? Ele estava,... só,... Eu não entendo.
     -- Tente -- ele sabe que não pode usar poder -- Você está sob efeito de magia negra, eu nunca habia visto você dizer que não entendia tantas vezes, assim. Tente.

     Monges são pessoas muito interessantes, que não realizam Magia.

     Hadesh sabe que não pode usar Poder, que é o equivalente de Magia para um monge, mas existe um poder monge que não falha. Exaltação. Assim, ele exalta a tentativa dela em resistir ao controle, e ela se assombra. Ela conseguiu. "Temos de fazer isso com meu irmão, o herdeiro", pensa ela. Exaltação não era a melhor qualidade de Hadesh, mas funcionou. Ele tentou não usar muito poder nela, para não chamar a atenção, e ela tem um olhar diferente, rebelde, focada e totalmente sob o próprio controle de sua consciência, Hadesh percebe.

     Alenda sente a mente limpa, limpa como o céu sem nuvens.

     -- Vamos sair daqui -- diz o drakma.
     -- Entendo, é perigoso -- diz a princesa rogue.
     -- Vamos nos reunir com o djine.
     -- Vamos voltar e tirar meu pai desse transe.
     -- Não é uma boa ideia, Alenda. Sem dúvida todos os serviçais estão sob o controle dessa feitiçaria, e eu estou pensando em salvar você primeiro.
     -- Temos de tirar meu irmão herdeiro do controle deles.
     -- Ele é jovem, isso é mais fácil.

     Eles terminaram de descer, indo para a mansão lateral, onde está Baech, o djine.

     -- Se vocês estão falando, eu acredito.

     Estas foram as palavras de Baech o djine sobre o assunto.

     A noite chegou, e eles se assustaram com o medo de Alenda.

     -- É que amanhã vem uma comitiva ubbersidha de Kalagot visitar meu pai, e ele já deu a ordem para que meu irmão o herdeiro receba eles.
     -- Você confia no seu irmão? -- a dúvida de Hadesh era muito séria.
     -- Confio. E a Urna, os sonhos e o destino dele foram salvos. Isso tem de valer alguma coisa, ou nossas missões para O Sonho não fariam sentido.
     -- Está certo, isso faz sentido.
     -- E agora? O que eu deveria fazer?
     -- O djine vai chamar os outros, e nós vamos salvar você -- Hadesh conclui.
     -- Minha cabeça,... Eu estava mesmo sob um feitiço. Agora eu vejo.
     -- Djine, é a sua vez. Mande uma mensagem, com o,... Alenda, você sabe o nome mágico de algum lugar por aqui? Eles precisam de um lugar com nome.
     -- Sim, tem sim -- diz a princesa -- No tunel, abaixo da árvore que fica na diagonal aqui da mansão, e tem outros lugares com nome também, mas são longe. O nome é "Vier".
     -- Djine, você sabe o que fazer.

     Eles esperaram, mas não houve resposta.

     Algumas horas intensas de preocupação depois, Hadesh sentiu que os guardas já sabiam. Eles haviam caído em uma armadilha, seriam presos e mortos. Assim, a única saída era atacar e pegar a coisa mais preciosa que existia ali, um sinal de que Alenda era herdeira também, no caso do irmão dela não conseguir sair do controle deles.

     E, então, fugir.

     -- Alenda, qual é a coisa mais preciosa no Castelo?
     -- Eu não sei. Bem, a Guarda Branca sempre reza na Torre de Báech, e eles usam um livro diferente. Todos devem ouvir as preces ao menos uma vez por semana.
     -- É isso! É o livro! Sabia! Nós precisamos do livro.
     -- Como assim?
     -- Ah, vamso lá, Alenda,... Você é uma rogue. Pensa.
     -- Como você sabe?
     -- Eu e Báech conhecemos a roupa e os equipamentos que você estava usando, no dia em que roubaram o seu livro; e você colocou um prêmio pela cabeça deles, que eu sei. Mas esse livro que precisamos pegar é diferente, eu tenho certeza.
     -- Tudo bem, eu concordo que vocês dois saibam. Tive o treinamento como ladina pelo meu livro, aqui os livros são inteligentes.
     -- Viu como você sabe o que é o certo? -- Hadesh sorri.
     -- Está certo, precisamos do livro. Se o objetivo for libertar a nossa nobreza do controle desse grupo que vocês dois descobriram que controla o reino, precisamos do livro.
     -- Então, tudo certo -- concorda o drakma.

     De repente, Alenda foi tomada de desespero.

     -- Não dá, não dá, não dá,... Eu não sei o que eu estou fazendo,...
     -- Alenda, respire -- diz Hadesh -- Tome o controle sobre você mesma.
     -- Confia no lagartão, princesa -- diz o djine.

     A missão começou em algum ponto daquela noite embaçada, e eles saíram pela lateral da casa para os jardins. Saída dos empregados. Alenda guiava eles pelos jardins noturnos. Ela sabia onde estava cada guarda. E, então, eles avistaram a Torre de Báech, uma janela de luz. Eles veem guardas em todos os lugares, mas havia uma entrada pela qual podiam entrar e sair sem serem vistos, e avançaram devagar.

     Quando Tacke aportou para o lugar com nome, "Vier", ele já sabia que boa coisa não era pra esses três estarem mandando pedido de ajuda.

     Andando bem devagar, ele tentou localizar os três sem magia.

     Ele não é acostumado a andar sem ser percebido, mas fez todo o esforço do mundo. Enfim, ele viu a Torre de Báech, com uma única janela iluminada e os três andando pelos jardins em direção a essa Torre, porque o djine lhe enviou a posição deles. Ele sente ilusões em todo o lugar. Se elas forem ativadas, devem ser ilusões antigas, elas vão tomar vida própria e atacar.

     Tacke decidiu apenas esperar, e ficou escondido nos jardins.

     Alguns momentos depois do trio invadir a Torre, Tacke sente o pedido mágico de noção vinda do lugar com nome, e Tórian consegue localizar o professor nos jardins. Acontece que Tórian é um mago muito esperiente, e sem ser notado, rapidamente se une ao professor, à espera do que os três vão fazer. O mago murmurou "Se prepare para voar em uma tempestade", e Tacke concordou com a cabeça.

                                                   @Revisão@
                                              @Translating to Portuguese@

    Tacke just waited, and some moments later Torièn came, the same way as him, and he murmurs "I detected weird magic in this place. Look. They're trying to climb the Tower Defense of the castle. I don't know what's going on here, but I don't like it", and the mage Toriàn looked at the tower. "I can get us there in ten seconds. Get prepared to fly under a stormwind", and Tacke only nodded.

    When Hadesh got to the top of the tower, he saw the Book on a reliquary.

    In complete silence, Lena entered the room, but of course, whoever is keeping an entire country under a spell, a black magic spell, would notice.

    The door opened, and the was a white dressed man in there coming. He's with a wand on his left hand, and the lightning just missed the princess by a smallmeasure, but Hadesh felt, immediately assuming his takkar beast form and jumping over the tower wall.

    TThhphfffóóooooaaaaaagghrrrrrssssshhhh.........

    Toriàn lifted Tacke, invocating a strong stormwind upon the place.

    Hadesh shouted "Jump, djine!", but he didn't, and at the point the djine stays the takkar entered the tower to attack the mage, and Lena escaped another lightning, the same moment Hadesh entered from the window, and the djine throws his blade on the white mage.

    "How can he hit the target from there, in the garden?", Hadesh disbelieved.

    The takkar assumes his normal form again, but jumped over the reliquary and took the Book, and so the two mages came entering the place.

    - What's happening?
    - We need to get off here, now! - yelled the tyke.

    He just jumped again, and got the white wand from the white mage, dying with a sword on his chest, and on this moment Toriàn cried them out. The tyke took the djine's sword with another very fast move, at the same time.

    - There's an epic spell being cast over us! - cries Toriàn.
    - HOld us on a sphere, and I'll negate the epic spell! - yelled Tack.
    - Princess! - Hadesh moved fast enough to get her inside the sphere of force, and everything just desapeared, Toriàn tried to make a sphere with just every element.

    The djine wished to be there, but ended in another place.

    At this moment, the sound of explosion was so strong they know they're only alive because of the sphere, or it is what they believe. Another huge explosion happened, and Tack used all his energy to cast the most powerful epic negation he could ever cast on his life.
    Then, it ended.

    - Oh, no. You won't like this.
    - What, Toriàn?
    - Well, Hadesh, we,... we're at the Nothingness.
    - And how we get out of here?
    - I don't know. Tack?
    - I don't know, too.

    The hours were passing, and the sphere of force their only protection.

    Hadesh starts then to cure Toriàn, what may help him to keep the sphere around them, but there they could do nothing, nothing they could imagine.

    (At the Rock in the Sky)

    Báech the djine was in a rocky land, but he got close to the border to see he was on the sky, floating just over the big Island he was before. "How this happened?", he wonders, trying to understand how his wish got the wrong way, a thing that never happened before. The explosions down there were destroying the Báech Castle. He just passes the left hand on his head and face, and got away from the border.

    Two or more minutes later, he got to the center.

    It was a number of rocks, in strange positions, armed around a series of magic symbols in the form of a spiral, but he could not see the very center.

    - Now I'm here, I'll try to open this. I really want to know why I came here.

    He's bad in terms of symbolics. This is one of the taboos, so he decides to try another way. But every wish he tries makes the symbols change.

    After trying for two hours, he then entered the spiral.

    He walks until it's center and casted a wish breaking, a thing he alone knows how to do, how to break a wish from another djine, or even every similar magic and black magic alike. He know's he can faint. He just prepared to fall, if the black magic was strong enough to counter him.

    And it worked.

    All the black magic symbols sudden starts to disapear, and a hole starts to open.

    He steps back and soon he sees a treasure down there, a treasure big enough to buy a whole empire, as the secret treasure of a dragon.

    And so it is.

    A Silver Dragon comes from the room of treasure, mounted by a dragoniere.

    Music :: http://www.youtube.com/watch?v=-KNS-v2iuAA

    - Thank you for freeing us. I'll go get your friends. Wait here.

    (At the Nothingness, hours later)

    Four long hour later, the takkar explained everything to them, while Toriàn keeps the nothing outside, they start to sense air is dying inside. Then, the mage in control of the sphere said it was moving. They listen to Torièn describing a huge dragon with four wings holding them. A few minutes later, they got to some place.

    - There were five epic spells casted on us, Tacke.
    - It's no important, now, Toriàn. Are you sure it's a dragon who's taking us?
    - We're back from nothingness! - he shouted, really happy.
    - Where are we?
    - We're coming to a flying island, Tacke.
    - Great,... - mutters Tacke.

    As soon as they came, the dragon negated their magic, and Toriàn got to his knees asking for water.

    - Thank you for freeing us, friends. I'm Baldee, and this is Ashe the Silver Dragon.
    - Hey! I'm here. (shouted Báech, coming). Are you all right?
    - Yes, Báech. Torièn needs water, Tacke, could,...
    - I'll take you to whatever place you want to go now, friends. Where'd you wan't to go?
    - Do you know the Temple of Ivory? - asked Tacke, in doubt.
    - Of course. That's just in time, and that's good I'll need to talk with the Dreammaker, so I'll teleport you to the Ivory Doors, right now. Thank you, again.

    Then, they were teleporte, easy, but easier than a wish.

    "Who is this man?", thought Tacke, "And is that the Silver Dragon? So, who is the patron of Nine Realms? It sounds as he's an impostor, then,...", he concludes.

    (Safe, again)

    - Welcome to the Temple. (the Dreammaker himself were to reception them). I was watching everything,  so no need to explain.
    - Water,...
    - Come in, everyone. Here's water for you, Torièn.
    - Thank you,... - he gets the coming-from-nothing bottle, and drinks.
    - I'll conjure a feast for you.
    - Thank you, Dream. - says Hadesh.
    - You're welcome.

    At the Temple of Ivory, they eat and drink until satisfied enough. Then, the Doors opened and the dragoniere came, to talk with them.

    - Thank you, Dreammaker.
    - You're welcome back, Saint Baldee. Have a sit with us.
    - So, that is the real silver dragon?
    - You're Tacke, right? Well, yes. I lived in another era, and I'll need to let the problems to this era's people, but I can grant you Ashe is the real silver dragon.
    - You two were locked in there?
    - Yes, princess. The actual person who did it is already dead long ago, but your kingdom's people did nothing to free us, until your friend Báech the djine could do it.
    - What you need from me, Baldee?
    - Well, nothing for the moment, Drammaker. But well, I'll talk to you later. I just came to thank you people again, because no one knew we were inprisioned.
    - That's good to know. - said Tack.
    - I'll need to go, now. I'll be very pleased to meet you people again, as soon as I can.
    - I'll let the Doors opened to you.

    Having said that, the Dreammaker got to the group.

    - Can,... anyone of you explain me what happened?
    - I'm not sure, Lord. (said Toriàn). I got there in the middle of the action, and it just exploded, as if someone ignited an alchemist's apothekary.
    - I think I can explain to you, Toriàn. I was with princess Lena, and the djine Báech in Báech Islands, her kingdom, but there's obviously a secret society ruling the nation. I did my best to show it to Lena. The problem was she was under a mass control enchanment, too.
    - And what happened we killed a man in that tower? That's going to explode in our faces, now.
    - I think not, Tack. We're here with the princess, and she's the right to know, and to fight for the freedom of her people - resumed Hadesh.
    - Do you think we're going to get into trouble, Dreamlord? - the djine's voice was worried, and everyone looked to him, and than to the Dream.
    - Well, yes. But not even the most important entities from Toj knew of this order, djine. This is a secret that all of a sudden came to the open. I've never said this missions would be easy, but I never thought this to happen, a secret so well guarded,... that's interesting. And, anyway, I'll be on your side.
    - Thank you, Dream. - said Toriàn - I know you're a neutral entity, and you'd never enter a question to take sides, then, why?
    - I am responsible for gathering your group - says the Dream.
    - What happens to my kingdom, now, Lord?
    - I have news for you, princess. The Avatar for the godess of death, Efemmera, did tell me a secret, just before you all come here, now. She says you never wanted to be the Queen.
    - Well,... (everyone looks to her, while she speaks),... that,... is really true.
    - I'll have to investigate who's before it, but this your wish, it exactly happened. You were out, at the Nothingness, a place with,... well,... nothing. This way, I think my urgency to ask you for your first mission was right. It seems the succession to the throne is magical. The first Urn was you brother's, princess.
    - Ohe,... - said her - Is my brother well?
    - Saint Baldee went to rescue him, at this very moment. It's him first appearance, since he was locked into that flying island you saw.
    - Ohe,... then,... he's oka - she sighed, in relief.
    - But your father, princess,... - said in a worried tone the entity - he was at the castle, at the moment the explosions started to happen.

    She stared in silence the entity.

    - Your brother's king.

    It came a moment of silence, like if it were a tomb, so the djine looked from each one and to the others, all and over again, and broke the silence.

    - Long live the king! - and he lifted his glass.

    Lena lifted her glass, at the same time she started to cry.

    She was terribly sad and tremendously happy, for she didn't be the queen. All at the same time. Her father's dead, but by her own actions her brother's safe. Soon, she was drinking. She never did it, in her life. And she had never a moment so dubious.

    Báech notice the Lord started to change form, and assumes a foglike appearance.

    The Dream so waited for her moment, and resumed.

    - You're all invited to sleep on the Temple, to recover from this all. I don't know yet if the king may come, as this is a difficult mission for the Saint, princess. And your family's invited, professor.

    (End of Session)

    Some Considerations necessary

    Who are these people in control of Báech Islands?
    And why Báech the djine has the same surname for the ruling family of Báech?
    He doesn't remember anything before his eighteenth birthday, but that is a thing you just don't forget, even if you suffers amnesia like him.
    Who is doing all this, hidden in the unknown?

    Who is the Enemy?



Sonhos Roubados (#01)

     Oi, leitor.

     E Seja bem vindo|a, este é o meu Adventure Blug.

     Vamos às anotações e à história.

     Nossa história começou a ser jogada no domingo, Setembro 6, de 2009, 16 horas. A sessão durou até 7 de Setembro, às 21 horas.

     Depois de uma breve introdução ao universo ficcional de Trikumai, e fichas de personagem prontas, demos início à história Sonhos Roubados (Stolen Dreams). Divertido. Estávamos usando uma ficha de personagem do meu sistema, testando a ficha. O sistema de regras ainda era um teste, mas durante as histórias vou deixar anotações como esta, se a história permitir e o bruxo professor Susking Kuoi não reclamar da interferência; diga-se, Raýla. Meu nome é Sol Cajueiro, e eu vivo em Bealae, Belo Horizonte, Brasil. Eu tenho duas paixões que se completam. Histórias e línguas, são as paixões.

     Esta versão está sendo editada. Eu decidi dia 29 de Outubro de 2016, que as histórias ficariam melhor em português, a língua dos navegadores, e aqui estamos.

     O texto original está sendo guardado no Google Drive.

     Alguns detalhes serão revelados a mais nesta versão, como por exemplo a idade da princesa Baech, que antes parecia uma adulta. Na verdade, ela tem onze anos.

     Também não é revelada a idade do djine Baech, mas isso tem motivos sérios.

     Enigma Action Tales também pode ser encontrado em nosso Wiki.

             www.actiontales.com.br

     Você também pode seguir nossas palavras do dia ou manter contato em @solcajueiro, @themagicnation e @schmmach no Twitter.

     A história apresentada aqui é uma entre várias mestradas por Sol Cajueiro, usando de sistemas de regras variados, até que o sistema de regras de Enigma Action Tales estivesse pronto. Bem, ainda não estava. Tivemos várias adaptações, durante os jogos. Antes dessa história, eu usada exclusivamente 2d6, mas depois dessa história passamos a usar 2d6 ou xd6 máx 12, ou 1d10 ou 2d10 de porcentagem, e 1d20 para teste de Stats, cujos modificadores são cartas, do Tarot ou não. Note que eu ainda não usava narrativa compartilhada nesta história, o que em nada diminui a razão da história que é reunir os amigos e viver uma história limpa e linda.

     A coletânea de lendas é também chamada Os Contos Perdidos de Ayya.

     Eu pedi ao meu amigo bruxo e doutor professor Susking Kuoi, 103, Akkoya, para guiar você nesta aventura de lidar com problemas de Toj. Ele é um sábio, ex-fenomenologista.

     Também tem sido de grande ajuda Tugi, maestro de narrativa da Academia de Ryklant.

     Em um mundo de magia, política e poder, ainda se acreditava que o universo era feito de Três Mundos e suas duas luas, as dançarinas. Mas, exatamente nesta época, muitas escolhas difíceis tiveram de ser tomadas.

     Os Três Mundos são Toj, o maior e com dois anéis, Kalagot, e também Treiyka.

     Hoje é Abril 17, do ano 602 tka, e Tórian está em seu apotecário.

     Observando os mapas nas orbes giratórias, que mostram Trikumai em movimento, e pensando nas palavras do ancião de sua família: "Deus, Memória e Iluminação, isso é tudo". Mas Tórian não está preocupado com os ensinamentos dos dragões de bronze, protetores de sua família, e sim em encontrar, sem a ajuda de seus dois melhores amigos, Duddin e Tayala, que foram verificar as Ilhas de Realidade e ainda não voltaram, razões para que os oráculos estejam todos preocupados, sendo eles de maioria monge e devotados a Ayya, a patrono de Tachipada.

     Eles lhe enviaram uma mensagem, e Tórian está investigando.

     "Descobrimos que existe um lugar que deve ser a raíz do Fluxo. Se este lugar não for neutralizado, Trikumai corre o risco de entrar em colapso. Maradaise Oeste, Duddin e Tayala".

     Ele se lembra: "Escreva o Destino em areia, Tórian", palavras do dragão de bronze.
     O dragão seu protetor lhe disse isso quando seus pais foram considerados perdidos, ao irem investigar o Fluxo, nas Ilhas de Realidade paralelas.

     E então, Seja bem vindo|a a Toj.

     O Grupo de Personagens

     # Tórian: ediche, nobre (deputado), alquimista, mago, elementalista
     # Tacke Prýmmus: mago, Professor (Academia da Magia de Ryklant), historiador
     # Alena Baech: ediche princess, 11, de Ilhas Baech, psiónica e curiosa
     # Baech O Djine: ediche djine, peregrino, bon vivant, mestre de desejos
     # Hadesh: besta, monge, e também um médico andarilho

     Enquanto Tórian está estudando os mapas e globos de Trikumai, tentando lucalizar elementos que o levem a sua missão, ele sente uma presença. Ele se concentra, para estar preparado. Pousa um corvo em sua janela, que não pia. Torián conclui que é um familiar.
     Familiares são espíritos ligados a uma pessoa, também chamados de Daevas, e que adquirem a personalidade daquele a quem está ligado. Isso é um aviso muito claro.
     Nunca trate mal um familiar, porque seu senhor vai descobrir.

     -- Eu venho -- disse o corvo -- com uma mensagem do Senhor dos Sonhos. O Dreammaker pede pela sua presença, em sua fortaleza próxima daqui, no Reino do Sonho.
     -- O Dreammaker? Eu gosto dele -- Tórian se sentiu relaxado  -- Ele é uma entidade neutra, uma pessoa que é quase igual a um elemental.
     -- Por favor, venha comigo ao plano do Sonho, e Mestre vai explicar.
                *

     É uma linda tarde, nos jardins reais do castelo de Baechstadt. Os soldados e servos ainda estão a toda, como sempre, trabalhando. Enquanto isso, princesa Alenda brinca de governar os jardins, ordenando as flores a fazerem o que ela quer, até que ela ouve um murmúrio dos girassóis, lhe chamando a atenção.
     -- "Vá para a casa de campo, princesa".
     -- E quem é você? Porque está me dando uma ordem?
     -- "Eu sou uma pixie, não posso me mostrar".
     -- E o que eu vou encontrar na casa de campo?
     -- "O gato vai explicar. O Senhor dos Sonhos quer lhe fazer um convite".
     -- Senhor? Ele parece importante. Eu vou aceitar.
     Alguns minutos depois, ela entra na casa de campo nas laterais do castelo, e realmente não há nenhum soldado nem serviçal lá. Ela fica preocupada, e se mentém em alerta. Mas então, ela vê um gato preto, que vem andando sorrateiro, até se sentar, duro.
     -- Olá, princesa Alenda. Eu sou a voz do Senhor dos Sonhos. Eu recebi previsões de que você é uma das poucas que vai conseguir completar uma série de missões, para as quais estou selecionando também alguns em especial, arcanistas e guerreiros. Venha ao plano do Sonho e vamos conversar sobre o futuro. Estou trabalhando agora na sua fuga, esta noite.
     -- Fuga? Me explique o que eu devo fazer.
     -- Eu vou preparar a fortaleza para a sua visita, princesa.
     -- Que bom! Eles não me deixam fazer nada, aqui.
     -- Não se preocupe com isso. Você vai estar em segurança.
     E o gato se virou, andando rápido; Alenda atrás dele.

     Depois de andar por uma trilha em cima de um muro envolto em névoa, Tórian viu que o cheiro de maresia era óbvio, uma praia mais adiante. A névoa se abre, parcialmente. Ele vê uma criança, de uns onze anos, vestida com roupas de qualidade, mas apertadas e pronta para viajar, mesmo que essa viajem seja solitária, o que lhe impressionou um pouco.

     -- Boa noite, Mal-ec -- Tórian foi formal.
     -- Que impressionante,... Você veio andando em um muro no ar.
     -- Eu sou Priatel. Tórian Priatel'sa Drasséc. E você?
     -- Alena. Alena Baech, de Ilhas Baech.
     -- Eu reconheço você, de um quadro no castelo de Sýr Kamakián. Você é da realeza dos Nove Reinos, que honra.
     -- Eu prefiro se você não contar a ninguém sobre isso. Eu acho que reconheço seu nome, também, é de Tachipada, não é?
     -- Priatel é um deputée. Nós votamos em todas as causas do governo. Eu moro a nordeste da capital da Academia de Ryklant.
     -- Quem são os outros?

     Em vias aéreas, vinham um homem de turbante e espada curva, um drakma vestido como peregrino e um jovem siddha. Os três eram guiados por corujas. Eles todos se reuniram na praia, onde havia uma placa.

             Mar do Sonho Próximo, Porto Treze.

     -- Alô, galerinha! Eu sou Baech O Djine.
     -- Vocè é,... quem? -- Alenda ficou com a voz fininha, como se estivesse confusa. O djine não pode ver o seu rosto direito, mas reconheceu que ela era jovem.
     -- Baech.
     -- Bem,... eu sou Baech, também. Alenda Baech.
     -- Que legal! -- o djine se esticou, calmo.
     -- Alteza,... -- disse o siddha.
     -- E você? -- ela estava fazendo o social, o siddha percebeu.
     -- Tacke Prýmmus.
     -- Eu sou Hadesh -- diz o grandão, drakma.
     -- Que beleza,... Falae, Hadesh -- disse o djine.
     -- E quem é aquela? No alto das rochas,... Você consegue ver, Hadesh? -- Tórian começou logo, porque sentia o alerta -- Eu sei que drakmas conseguem ver quase na escuridão.
     -- E você é?,..
     -- Tórian -- ele sabe que drakmas não gostam de ficar dando voltas na conversa.
     -- Bem, Tórian. Ela é um predador. Eu não consigo sentir o cheiro dela, o que quer dizer que ela é muito boa. Ela está de capa de viajem, e tem duas adagas na cintura. Também usa roupas para viajens longas, é branca e tem cabelos negros. Ela não é uma ameaça.
     -- Você consegue dizer tudo isso a noite?
     -- Eu sou de Treiyka, princesa.
     -- Eu gostei de você! -- gritou o djine -- Isso foi impressionante. Como vai Treiyka?
     -- Como o Inferno, Djine Baech. Como o Inferno.

     A mulher predadora não estava mais onde estava antes.

     -- O Apanhador de Sonhos está chegando -- grasnou o corvo -- Sigam para dentro do barco, e não caiam do barco. Nunca! Está escrito aqui Mar Próximo, mas é fundo, fundo. Se todos estão prontos, venham, venham, subam no barco.

     Foram duas horas de silêncio passando pelo Mar do Sonho, em pessoa, em corpo, e só isso já seria estranho o bastante. De repente, o barco passou pela forte névoa e eles viram uma imensa ilha. No alto das rochas da ilha havia uma fortaleza branca, e imensos pássaros de névoa estavam voando ao redor do lugar. Alenda estava impressionada. A fortaleza era tão grande que ela se lembrou de que seu castelo, e os outros castelos dos Nove Reinos, eram pequenos. Ela não se importou. Poder sair sem soldados, sob os cuidados do Senhor dos Sonhos, só em si já era tão bom quanto todas as melhores noites de sono que ela uma princesa já teve até hoje.
     O porto era simples, e pequeno. Escavado na rocha. Havia uma escadaria quase infinita, que levava até a fortaleza, mas eles não pegaram a escada. Alenda viu pequenas lâmpadas, e dentro das lâmpadas havia um número de fadinhas, pirilampos iluminando o pequeno porto.

     Assim que desembarcaram, um homem vestido de branco até a cabeça apareceu. Ele saiu de dentro das rochas, rochas puras. Apontando para de onde veio, as rochas se abriram e surgiu um corredor, um túnel no muro de pedras duras.

     -- Sejam bem vindos. Eu sou Ke, o Sacerdote do Sonho. Mestre Sonho está esperando. Por favor, venham por aqui -- e Ke apontou o corredor que ele mesmo criou.

     Eles andaram um corredor pequeno, e saíram de frente para a fortaleza.

     -- Esta -- avisa Ke -- é a Fortaleza de Marfim, casa e lar do Sonho. Venham, as Portas de Marfim estão se abrindo para vocês.

     O chão de quadrados de mármore seguia com limites irregulares, que contornam a fortaleza e a une às rochas da ilha de pedra dura e escura.
     Andando sempre à frente, Ke fez um gesto para que o seguissem. Alenda se aproximou do siddha Tacke Prýmmus, que foi o único que a chamou de "alteza" e, muito esperta, ela sabe que alguém assim nunca iria deixá-la desprotegida. Ao entrar, o grupo vê imagens em movimento nas paredes, e um pequeno lago no lado leste, à esquerda. "Parece uma catedral",... pensa a princesa; mas esse tipo de construção monoteísta é proibida nos Nove Reinos, porque os monoteístas atacam navios do reinado se passarem da rota que leva a Prislýpea, no oeste.
     As imagens eram vivas, mudando de cor o tempo todo e mostrando pessoas e coisas e, enquanto Ke parou, diante do lago, Alenda se virou para o seu protetor.
     -- Prýmmus, o que são essas imagens em movimento?
     -- Acredito, princesa, que são os sonhos das pessoas.
     Então, saindo do lago, um jovem de maquiagem borrada e que parece que chorou muito, com uma série de esferas de tamanhos variados como sobrancelhas, roupa de um tecido desconhecido e ar de quem está cheio do que quer que seja que o deixou sofrer, os saúda.
     -- Boas noites -- o Sonho tem uma voz de jovem sofrido -- Sejam bem vindos ao Templo de Marfim. Eu sou o Sonho, o Dreammaker, Aquele-que-tece-O-Sonho. Venham, nosso banquete não pode esperar mais do que isso. O futuro está doente.

     Passando por pilares de sustentação, eles viram uma mesa. Era pequena. Havia lugar para doze pessoas, no máximo.
     Com um gesto, o banquete apareceu.
     -- Uoah! Você me conquistou -- diz o djine; e então, baixou a voz para falar com o drakma, ao seu lado -- Olha isso, lagartão. Tem mais comida que na mesa do Raja.
     -- Segure as suas palavras, djine; mas eu vou comer, também.
     -- Vocês todos -- diz o Dreammaker -- podem comer o que quiserem. A cozinha está preparada, e eu não costumo receber visitas. Estão querendo trabalho, lá dentro.
     -- Boas noites, Dreammaker. Eu sou Tórian. O que está acontecendo? Você disse que o futuro está doente,...
     -- Boa noite, Priatel. O futuro é o primeiro a ficar doente, quando o problema é grave, nobre Tórian. Vou dizer a vocês o porque os chamei aqui. Alguém está roubanco sonhos, e eu não tenho a menor ideia do quem está por trás disso.
     -- Entendi,... -- Tórian toma fôlego --  Sonhos de quem?
     -- Sonhos dos futuros líderes do nosso mundo.
     -- E você quer dizer, digo, o ladrão está roubando o Destino deles, também?
     -- Exatamente, Priatel -- o Sonho se impressionou -- Exatamente o ponto.
     -- Eu vou ajudar você -- Tórian conclui.
     -- Isso significa que eles "não" vão ter "escolha"?
     -- Esse,... é exatamente o ponto,... Hadesh, seu nome tinha significado antes da Grande Guerra, foi uma ótima escolha.
     -- Entre nós,... -- o Dreammaker concordou -- Estou com você -- Hadesh era o maior, então a princesa se sentiu um pouco mais segura de sua decisão, participar.
     -- Sei não,... Parece perigoso,... Gostei, lagartão. Tô dentro.
     -- Eu não -- eles ouvem a voz do siddha.
     Todos olharam para ele, inclusive a princesa que ainda não havia dito que iria participar, mas viram o olhar de uma pessoa importante com uma decisão séria.
     -- Qual é o problema, professor? -- questiona o Dreammaker.
     -- Eu tenho família. E eu não quero colocar minha família em perigo.
     -- Eu entendo, professor -- diz o Sonho -- Eu vou colocar sua família sob minha proteção, pelo tempo que for necessário. Eu consultei os Oráculos, e vocês são os únicos que vão conseguir resolver essa questão, da única forma que será possível. Ainda não sei qual é -- e se viou para a princesa, com o olhar calmo -- Eu já sei que você aceitou. Me permita, Professor Prýmmus é muito importante,... -- e se voltou para o professor -- Só vocês vão conseguir, professor.
     -- Isso muda tudo, pra mim -- diz o professor -- Agora que minha família não vai estar em perigo, eu entendo e vou ajudar.
     -- Eu acho,... -- e todos olharam a jovem princesa -- que isso é importante.
     -- Eu tenho observado você, princesa -- diz o Sonho -- Seus segredos estão guardados, e não vou interferir. Você tem uma escolha a fazer. Você tem onze anos e é muito jovem, mas o Oráculo Profundo, que fica depois do Sonho, me orientou a insistir. Isso pode ser perigoso, e seus segredos não são o que você pensa, mas você verá, no tempo certo, o qeu isso quer dizer.
     -- Sei,... Isso não me desanima. Eu acho que vou ajudar você, Dreammaker.
     -- Sei,... -- diz o Sonho -- Sei. Baech? -- ele se vira para o djine.
     -- Mas é claro, Sonho! O fio da minha espada está preparado. Tô dentro.
     -- Eu localizei o primeiro sonho roubado -- ele diz -- Vocês vão ter de ir a um lugar escondido, e está escondido há muito tempo. Eu sei que o vigilante está longe. São as ruínas da Cidade das Trevas mais antiga de nosso mundo, Okkýtã. Vocês estão procurando uma Urna, uma Urna especial parecida com essa -- o Sonho faz uma urna em pleno ar -- e devem trazer a Urna até mim. Estas ruínas, os mortais tentam esquecer, mas vocês estão sob minha proteção e vão se lembrar de ter estado neste lugar, depois. Esta é a Urna mais importante de um futuro líder do nosso mundo, e os sonhos e o destino dele estão guardados dentro desta Urna. São os sonhos do seu irmão, Alenda.
     -- Isso vai ser feito, Dreammaker -- diz Alenda -- Conte comigo.

     Sendo o único a ver, nenhum dos demais poderia supor que a única cadeira vazia, na verdade, estava ocupada. Hadesh vê na cadeira outra entidade, que parece ser uma mulher com um capuz, mas a mulher é quase totalmente invisível, ela é translúcida. Ele decide ficar em silêncio. Ainda assim, esteve o tempo todo atento às palavras do Senhor dos Sonhos.
     De repente, mais uma cadeira surge. Todos estão comendo, e não ligaram para isso, a não ser, Hadesh percebe, a princesa. Nesta cadeira também, Hadesh consegue ver uma mulher tão negra quanto a noite sem estrelas. Em um momento de oportunidade, Hadesh abaixa a cabeça de leve para cumprimentar a mulher mais negra que a escuridão.
     -- Oi, Hadesh,... Bela escolha de nome. Eu sou Kokka, Avatar da Noite. Eu fui a entidade que aconselhou o Sonho a te incluir no grupo e chamar você. Este grupo vai passar por muitos problemas, nós entidades conseguimos prever. E não se iluda com a idade da princesa. Ela me parece, apesar da curiosidade, ter mais treinamento do que você pensa. Peço a você, o único monge do grupo, que guie este grupo, de agora em diante.
     Hadesh abaixou a cabeça, aceitando.

     Duas horas de descanso depois do banquete, Ke fez questão de chamá-los com cuidado, dizendo que estava na hora de ir.

     Bem no início do Lago do Sonho, se formou um portal.
     Eles sabiam que do outro lado estava a cidade em ruínas mais tenebrosa do mundo, mas aceitaram a missão, então todos conferem se estão preparados, inclusive a princesa.
     A roupa que o Senhor dos Sonhos lhe deu é rente ao corpo, e Alenda se lembra da predadora que Hadesh descreveu na praia. Tinha muitos bolsos.
     -- A capa que todos vocês estão usando é um presente meu -- diz o Dreammaker -- Ela irá proteger vocês dos Pesadelos, seres terríveis do Sonho e que iriam caçar vocês neste tipo de lugar para onde estão indo.
     -- Estamos prontos? -- quis saber a princesa.
     -- Acredito que sim, alteza -- diz o professor.
     -- Estamos prontos, Senhor dos Sonhos -- ela confirma.
     -- O portal vai se manter invisível, mas vai estar no mesmo lugar onde vocês vão aparecer, e tomem muito cuidado em Okkýtã. Não sabemos o que vão encontrar lá.
     -- Não tem nem uma dica, Senhor dos Sonhos?
     -- Vocês não são um grupo de iniciantes, Hadesh -- diz o Sonho -- Foram selecionados porque tem toda a preparação necessária para cumprir todas as missões.
     -- Mas temos uma princesa entre nós, Dreammaker.
     -- Isso mesmo, Tórian -- confirma o Sonho -- Acontece que esta princesa tem mais preparação, apesar de ela mesma não estar acostumada a ouvir isso, do que muitos adultos.
     -- Eu,... só posso dizer que sim, Tórian. Eu sou psiónica, telepata e telekineta; mas não me peça telepatia a não ser que seja em último caso, porque eu odeio.
     -- Estava apenas conferindo, princesa. Se o Senhor dos Sonhos diz que você está preparada para as missões, eu só tenho como concordar.
     -- Alenda, por favor -- disse ela -- Eu não tenho certeza se tenho preparação, mas não vou deixar o futuro do meu irmão ser roubado e vou cumprir a missão.

     "Estou começando a gostar dessa princesa", pensa Hadesh, "Vou ter de ensinar uns truques monges a ela".

     E então, eles se arrumaram e atravessaram o portal.

     Eles chegam a uma colina, ainda de noite. Havia um paredão de névoa negra e nuvens, indicando que este lugar não vê a luz do dia, e o ar está seco, difícil de respirar.
     Não conseguindo esquecer de que estão nas ruínas que mais acumularam Trevas neste mundo, todos tem uma noção de perigo ativa, vinda de todas as direções, e o nobre Priatel andou lentamente até uma árvore para tentar observar. Hadesh o seguiu. Hadesh explica: "Estamos numa colina bem no meio da cidade ruína, e eu sinto que não há vida nesse lugar", recebendo a resposta de Tórian: "Você cuida da princesa, eu e o professor cuidamos do djine. São os dois únicos que podem nos dar problemas, e você sabe disso", ao que Hadesh resonde: "Eu concordo, mas você devia dar a eles a chance de provar quem eles são e o que podem fazer. Não vou controlar as ações dela. Ela é jovem demais, mas na idade dela eu já andava nos ermos de Treiyka caçando para comer", e ouve a resposta de Tórian: "Está certo. Todos merecem uma chance. Não deixa ela se ferir ou pior".
     Hadesh abaixou a cabeça, "Acho que vamos ter uma surpresa, vindo dela".

     -- Tem espíritos do pesar por toda a cidade -- revela Tacke Prýmmus.
     -- Grande,... São o pior tipo, eles vão gritar se nos virem -- conclui Tórian.

     O professor chamou a atenção do grupo com um truque simples. Ele só fez o truque e, então, um gesto com ambas as mãos para se reunirem.

     -- Então,... (começou o professor). Quem pode sentir movimento? Você, você pode,... Que foi?
     -- A terra aqui é amaldiçoada, o ar também, sintam, e praticamente tudo o que eu posso fazer aqui é criar um pequeno número de elementais da terra, cavando muito fundo até ter terras antigas, e eles vão servir como nossos batedores.
     -- Você pode criar elementais? Isso é alto nível de capacidade. Bom saber. Faça isso. E você, você enxerga no escuro, o que você pode nos dizer?
     -- Eu sinto realmente que o lugar inteiro é amaldiçoado. Deve haver não-vida nesse lugar, vocês sabem, espectros, mortos-vivos. Péssimo lugar para se morrer, só avisando. Ah, e as árvores ao nosso redor estão observando.
     -- Grande,... -- Tórian soltou o ar -- Perdemos o elemento surpresa. Eu vou encontrar terra pura nas profundezas, enquanto vocês conversam.
     -- Hadesh, quantas ruínas de torres você está vendo?
     -- São sete, princesa -- ele ficou curioso.
     -- Alenda, por favor -- pediu ela, a ele também -- Nós podemos ir em silêncio a estes sete lugares, porque ruínas de torres são o pior lugar para espíritos irem. É o território dos gatos. Independente de ser uma cidade amaldiçoada. E eu posso ver se tem armadilhas, sou boa nisso.
     -- Bom -- o professor ficou realmente impressionado com a princesa.
     -- E então, (diz o djine), nós podemos localizar qual das torres foi revolvida há pouco tempo com um desejo. Tudo o que eu preciso é um desejo forte e verdadeiro de vocês para encontrar o que estamos aqui para encontrar.
     -- E então, boa. Nós vamos e voltamos pro portal. Quem teleporta?
     Ao perceber o silêncio, o professor balançou a cabeça.
     -- Isso é ruim -- Prýmmus tenta pensar em alternativas, porque sem teleporte eles iriam ter de andar até as torres, e era uma péssima notícia.
     -- Seu desejo de sobrevivente está funcionando, Professor -- diz Baech -- Com ele, eu posso garantir o teleporte.

     Enquanto isso, Torián conseguiu criar cinco pequenos elementais de terra, com terras antigas que existiam muito fundo naquele lugar.
     -- Foi o máximo que eu pude criar.
     -- Mande eles pra cinco das torres, e nós esperamos a resposta deles. Diz a eles o que devem fazer, e vamos esperar.

     Tórian explicou: "Vocês vão, cada um para uma das cinco torres que ele (e apontou Hadesh) vai explicar onde estão. Estamos procurando uma torre que tenha tido sua terra revolvida recentemente, e então, vocês estão livres para voltar à natureza. Voltando à natureza, sibam que este lugar é amaldiçoado, mas esperem ajuda dos demais elementais, porque eu sei que logo que vocês se unirem à natureza, eles vão começar a agir".

     Eles esperaram, escondidos e com medo das árvores, por meia hora.

     -- Todos os cinco elementais falharam, só restam duas torres.
     -- Conseguimos! Isso foi ótimo, Tórian. Eu sei que os poderes djines são expandidos quando as opções são duais.
     -- Agora você acertou! Escolhe uma torre, princesa -- pede Baech.
     -- A que estiver há mais tempo sendo destruída.
     Hadesh aponta, e de repente eles estão dentro da ruína. Alenda tentou tomar ar, porque nunca havia teleportado, ficando sem ar.
     -- Estamos presos aqui -- revela Tórian -- Vou ver se tem um caminho ou passagem pra fora desse lugar, mas tenho certeza de que estamos presos aqui.
     Tacke Prýmmus se aproxima e toca a garganta de Alenda com a mão, liberando ela da falta de ar que ficou, ao chegar.

     -- Achei que eu ia morrer -- foram as palavras da princesa.

     Só nesse momento, que Baech O Djine percebeu o que aconteceria se uma princesa morresse, eles todos seriam os culpados. Seriam presos, ou pior.

     -- Onde está? -- pergunta o professor.
     -- Toda a terra desse lugar é amaldiçoada, mas está aqui. Eu posso sentir. E eu vou trazer a Urna até nós.

     Sob o controle parcial de Tórian, a terra começou a ser revolvida, e uma Urna diferente da que eles procuravam apareceu, emergindo do chão amaldiçoado, e o grupo inteiro ficou ao redor de Alenda, para protege-la.
     Alenda estava procurando uma maneira de fugir do lugar. Os Nove Reinos são especialistas na construção de torres.
     E então, as sombras começaram a se mover, fora dali.
     -- Eles sabem que estamos aqui -- conclui Baech.
     -- Não tem nenhuma maneira de fugir --  revela Alenda -- Nós vamos cair em um labirinto, que é essa cidade, se tentarmos sair. Eu desejo,... Eu desejo que você Baech nos teleporte e pegue a coisa ao mesmo tempo.
     -- Um desejo de sobrevivente verdadeiro! -- ele fica feliz -- Se preparem.

     Uma escadaria inteira em ruínas foi revolvida do chão e a Urna apareceu, intacta, ao mesmo tempo em que eles estavam de volta ao lugar onde chegaram.

     O djine estava com a Urna em suas mãos, e Tórian com a Urna errada, mas não deu tempo de tomar muitas decisões. Baech disse: "Está aqui", e desmaiou. Alenda ergueu ele com telekinese, sem deixar que ele caísse e se machucasse.

     Um som terrível veio do centro da cidade.

     O som gelou o sangue nas veias de todo o grupo.

     -- É um abissal! -- Hadesh revela -- Temos de ir, agora mesmo. Não podemos enfrentar um abissal, e temos de salvar Baech.
     -- Ele está vivo, Hadesh -- diz Alenda -- Mas sente muita dor.

     O professor chamou a atenção de Tórian e Hadesh.

     -- É isso? Qual é a Urna? Tem duas.
     -- Esta é a certa, Tacke -- revela Hadesh, erguendo-a -- Mas não podemos deixar a outra Urna nesse lugar, não sabemos o que tem dentro dela.
     -- Segura a Urna certa, Tacke, que eu vou cuidar do Baech.
     Tacke segurou a Urna, e Hadesh segurou Baech.
     -- Agora! Vamos embora -- pediu Alenda.

     Hadesh viu uma criatura cheia de tentáculos, de trinta metros de altura, vindo pelas ruas destruídas da cidade ruína de Okkýtã, enquanto eles passavam pelo portal.

     Depois que Tacke passou, por último, o portal se fechou.

     Em resumo, a cidade de Okkýtã onde eles estavam deveria ser a capital de algum império do passado, devido ao tamanho e o número de construções de pedra dura. Tacke, depois, fez anotações sobre a cidade, descobrindo que era a capital do império do Rei Múmia, destruído por Tachi, a Rainha Branca, há mais de mil e quinhentos anos. Diziam as lendas que ele encontrou anotadas na Academia da Magia e do Poder, em Ryklant, que ali havia uma jóia de poder. Esta jóia seria capaz de tornar quem a usasse um imortal morto-vivo, mas nessa época, nos dias seguintes a esta primeira missão, ele não acreditava que seria possível alguém desejar isso.

     De volta ao Templo de Marfim, o Dreammaker pediu com urgência que colocassem o djine sobre uma mesa que se formou saindo do chão.

     -- Ele vai morrer? -- questiona a princesa -- Ele é um Baech, ele não pode morrer.

     O Senhor dos Sonhos fez um gesto, abrindo o ar como se fosse um armarinho, pegando um tipo de poção e fechando, rapidamente.

     Ele fez o djine beber, e Baech acordou, tremendo e com frio.

     -- Dor,...
     -- Isso mesmo -- diz o Sonho -- Você estava em Lá-onde-é-A-Dor. Todos vocês, toquem no corpo dele para ativar o corpo. Essa memória não vai ser possível retirar de você, Baech -- o Dreammaker estava sério -- porque você esteve no Inferno e voltou.
     -- Huuuh,... -- fez o djine.

     Alenda ficou com medo das palavras do Sonho.

     -- Me deixa sair daqui, Senhor dos Sonhos -- foi o pedido do djine Baech -- Algumas horas andando pela ilha, se eu puder fazer isso, vão me fazer muito bem. Eu nunca imaginei isso. Um lugar que vocês não querem conhecer. Não tem nada, só dor.
     -- Tem certeza, Baech? Minha ilha tem muitos segredos, mas acredito que você sendo um djine vai gostar de conhecer; mas tome muito cuidado.

     Baech se levantou tremendo e suando e foi para as portas da saída.

     As Portas de Marfim se abriram e Baech se mandou, pra longe dalí.

     -- Me chamem com um desejo em voz alta -- gritou, antes de ir.

     -- Enquanto vocês estavam em missão -- diz O Sonho -- eu me encarreguei de criar cinco portais pra que vocês possam ir e vir do Sonho, incluindo o djine Baech.
     -- Obrgado, Dreammaker. Agora, se me der licença, eu preciso ver minha família e conversar com minha esposa. Ela vai precisar saber.

     -- Aqui está a Urna certa -- diz Tórian.
     -- E aqui está a errada -- resume Hadesh.

     Surgem dois pedestais, sendo formados pelo mármore do chão, e eles colocam as urnas nos pedestais a um gesto do Senhor dos Sonhos. Ele vai até a Urna certa e, depois de pensar bastante sobre o que fazer (ele parecia em transe), ele abre a Urna.

     -- Os sonhos e o futuro de seu irmão estão salvos, Princesa. Só espere até ele vir até aqui no Sonho para, no dia em que ele vier, eu explique a ele o sucesso de sua missão. Peço este favor porque, se vocês não perceberam ainda, isso é um segredo. Ninguém sabe que os sonhos dos futuros grandes líderes do mundo estão sendo roubados, e precisamos limitar o número de pessoas que sabe ou que vai ficar sabendo disso, até saberem. Os altos escalões vão saber.

     Eles usaram os portais, e chegaram em casa a salvo.

     Alenda chegou em casa, em seu próprio quarto. Sem chamar a atenção e sem fazer barulho, ela espia pela porta. A sua serviçal querida, que guarda os seus segredos, estava dormindo em uma cadeira velha: "Que pena. Dessa vez me pediram pra não te contar". Ela ignorou a hora de rezar, como sempre. Deixou o livro aberto lá, sem tocá-lo, mais uma vez. Rezar estava fora dos seus planos, de verdade. Ela retirou a roupa e guardou debaixo do colchão, e disse a si mesma: "Está na hora de revelar minhas saídas, se não vou ficar sem a roupa que o Sonho me deu".

     Ela se deitou para descansar, ao menos um pouco, antes do amanhecer.

     Ao mesmo tempo, Baech O Djine passou duas horas vagando pelos bosques da Ilha do Sonho, até que ele começou a perceber que nem tudo no lugar era bom.

     -- Oi, andarilho.
     -- Oi, mas quem é você? -- Baech questionou.
     -- Eu sou a entrada para o Sonho Profundo.
     -- Eu estou bem, onde estou.
     -- Eu sei -- disse a entrada -- Mas Kokka, Avatar da Noite, disse que um dia você iria precisar do Sonho Profundo, quando as suas memórias voltarem. Eu sou a entrada.
     -- Huh,... Ta oká. É seguro dormir aqui?
     -- Bastante. Os seres do Sonho não ousam se aproximar de mim. Viajar pelo Sonho Profundo é fazer uma viajem dentro de si mesmo. Você só vai entrar, se entrar no lago.
     -- Eu queria que você fosse só um lago.
     -- Sinto muito te negar esse desejo, djine.
     -- Eu não me importo de não ter memórias do meu passado. Isso ajuda a ser neutro, que é o que um djine precisa pra trabalhar.
     -- Já está previsto que você vai precisar de mim, um dia.
     -- Pra mim está bom. Bons sonhos, lago.
     -- Obrigado. Vou te ajudar a dormir.

     Não houve nem mesmo aqueles momentos em que você fica pensando em dormir. Baech dormiu, se esquecendo da dor.

     -- "Mas como assim tem um djine com o meu nome?", questiona a princesa Baech. "De todos, esse é o segredo que eu quero desvendar. Então, vou continuar nas missões".

     Uma semana se passou. Sua serva está se acostumando em saber que ela foge da guarda, anda pelas vilas, sabe onde estão os segredos.

     Nessa noite, ela invadiu a casa de um nobre importante.

     Ela tem telepatia, os guardas não tem nenhuma chance contra ela.

     De frente para o cofre, ela faz o desejo.

     -- Eu desejo reunir o grupo de novo, pra fazer coisas realmente importantes.
     -- Seu desejo é uma ordem, princesa Baech.

     Ela ouviu a frase na posição que estava, a de um ladrão abrindo um cofre. Suas roupas eram as de um ladino, e Alenda também tinha todos os equipamentos de um ladrão.

     O professor estava com energia nas mãos, e Tórian com um raio, prontos para a batalha, até que perceberam a princesa Alenda, nestas roupas. Hadesh estava sorrindo. Parece que ele e o djine estavam juntos, desde antes. Eles estavam andando por plantações de flores de vinho, em Tachipada, uma das regiões produtoras, sob permissões de Raýla, princesa de Abbas. Eles estavam bêbados, ontem, mas estão muito conscientes do que estão vendo, agora.

     -- Eu,... sinto muito. Acho que o desejo foi meu.
     -- Huh,... O que são essas roupas, princesa? -- foi a pergunta de Tacke.
     -- Ah, estas? Meu pai me proibe de sair do castelo com roupas de princesa. Ele me proibiu. E então, eu escolhi estas aqui. Eu não sei porque. Eu só,.. gosto delas. Porque?
     -- Nada -- diz Tacke -- Sem dúvida, alteza. Eu entendo -- e Tacke abaixou a cabeça.
     -- Isso é sábio. Sem dúvida --  Tórian também abaixou a cabeça.

     Hadesh trocou um olhar com Baech, e eles entenderam na mesma hora. Eles não tinham isso de nobreza, e sabiam que ela estava mentindo.
     Alenda deu um olhar oculto para eles, só os dois, e eles sabiam que ela percebeu que eles sabiam o que esse equipamento era -- um desmontador de fechaduras -- e ela pediu a Hadesh para lhe ajudar a guardar o que estava usando, sem chamar a atenção.
     -- Eu sei que vocês dois perceberam.
     -- Você é um ladrão, princesa? Tamo no mesmo time.
     -- Eu proíbo vocês de falar nesse assunto.
     -- Só entre nós, por favor -- o pedido do drakma era sincero e necessário.
     -- Está bem, mas agora me ajude. Vou fazer um isliyya pra todos nós.Isliyya é o kofi que eu mando trazer de Ryklant, e vai ajudar a deixar o professor relaxado. Dá um jeito de fazer um desejo pro bandido do Baech trazer uma mesa com porcelana.
     -- Seu desejo é uma ordem, princesa -- saltitou o djine.

     Assim, apareceu uma mesa com porcelanas.

     -- Professor, nobre Deputée, me perdoem, o desejo foi meu de novo. Eu vou preparar pra todos nós um isliyya de Ryklant.
     -- O café mais saboroso de Ryklant,... -- ruminou Tacke.
     -- No meio de uma floresta? Tudo bem -- Tórian concordou.
     -- Hadesh e Baech, vão fazer a ronda.
     -- Oh,... -- ia começar o djine.

     Hadesh deu um cutucão em Baech, e levou ele para o canto, para montar guarda. Ele explicou a rápida conversa com a princesa, e o djine adorou saber.

     A princesa se aproximou deles, para chamá-los para o café.

     -- O que vocês dois estão fazendo nessa floresta?
     -- Que doido, princesa -- Baech não se conteve -- Você é uma de nós.
     -- Não sei se foi uma boa ideia fazer o café. Nós dois estamos nessa floresta procurando a lenda de uma taverna, e não é um bom lugar.
     -- Agora não importa, vamos tomar o café. Só a nobreza tem esse café. É caro. E isso vai deixar os dois prontos pra aceitar qualquer coisa que eu disser.

                (fim de sessão).

          Algumas Considerações necessárias

     Tudo bem eles serem os únicos que vão resolver o problema, mas quem está por trás desses problemas? Onde ficam aquelas ruínas? Porque o Sonho Profundo está chamando Baech? E então, quer dizer que a princesa é rogue, não só psiónica?

     Eles não sabem, agora, o mais importante.

          Quem é o Inimigo?